Se não fosse a paixão e tradição no futebol, o Brasil poderia muito bem adotar a pizza como símbolo nacional. Segundo estimativa da Associação Pizzarias Unidas do Brasil (Apubra), os mais de 34 mil estabelecimentos do país têm uma produção diária de 1,9 milhão de unidades. Não à toa, em São Paulo, em 1985, foi criado o Dia da Pizza. A celebração é neste 10 de julho. Em Caxias do Sul, a demanda e afeto pelo alimento só aumentam. Conforme o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (Segh), o município tem 101 pizzarias. Para se ter uma ideia, em julho de 2019, de acordo com a coluna Caixa-Forte, a cidade acabava de abrir a pizzaria de número 68. O número atual pode ser ainda maior.
— Temos em nosso cadastro, mas deve ter mais, pois muitos são, por exemplo, almoço bufê e noite de pizzaria. E, no cadastro, citaram bufê — explica a diretora executiva da entidade, Marcia Ferronato.
Seja com à la carte, rodízio ou tele, a pizza também vem se diversificando em ambientes e formatos. Por exemplo, as pizzas quadradas que se popularizam nos bares da cidade, ou as inspiradas na napolitana. Quem reúne o melhor desses dois mundos com sabores diferenciados é a Becco Pizza Bar, aberta de terça a domingo no Complexo Gastronômico e Cultural Fabbrica.
Como descreve o sócio-diretor, Paulo Scalco, 60 anos, é uma pizza baseada na escola napolitana com um toque regional. Entre os sabores, uma seleção como figo com parma, ragu de costela (com uma costela feita em 12 horas no forno) ou filé com gorgonzola. Além do preparo, os ingredientes importados, como a farinha italiana ou o molho de tomate da região do Vesúvio, são diferenciais.
— É uma pizza leve, tem uma borda aerada e de fácil digestão. O molho de tomate que, na verdade, vai como base em 80% das nossas pizzas, é um diferencial também. Se você usa um produto de boa qualidade, você tem um sabor diferente. São pizzas bem apresentadas com sabores diferentes — descreve Scalco.
No Fabbrica, os consumidores podem escolher ainda entre o espaço interno ou o jardim. No segundo caso, tem a opção da pizza xadrez, servida na tábua. À la carte ou na tábua, podem ser degustadas com chope, vinho ou drinks. Já nas terças e quartas há o festival de pizza napolitana, em que o cliente pode comer à vontade por um valor único.
Tradição de família
Comer à vontade é a alma do rodízio. Em Caxias, houve um tempo em que nem todo mundo oferecia essa opção. Há 41 anos, quando a Rodapizza Giordani abriu, era a única a ter o rodízio, como lembra Marcos, 56, um dos proprietários. Ao longo das quatro décadas, mais opções foram surgindo. Mas, o negócio da família, que começou com o seu Giordani, 80, e a dona Mari, 76, manteve a tradição. Hoje, além dos pais, que seguem no comando da cozinha, os irmãos de Marcos, Milton, 55, e Patrícia, 43, também atuam na Rodapizza. São duas unidades em Caxias, no Colina Sorriso e no Saint-Étienne.
— Se tu pegar, se tu comer a pizza da Giordani em 1983 e agora, é a mesmíssima. Todos os anos nós reconferimos o nosso caderninho com a anotação à mão do meu pai e da minha mãe, com a nossa receita para não sair dela, da massa. E alguns molhos que são fabricados por nós — lembra Marcos.
A massa fina, reconhecida pelos clientes, é marca da Giordani. Entre os sabores preferidos dos clientes, a chocolate com doce de leite e as tradicionais calabresa e filé. Conforme os testes com a massa da pizzaria ou os pedidos dos clientes, os sabores podem sair ou voltar para o rodízio. Um dos casos foi a de pé-de-moleque, que retornou após inúmeros pedidos.
Outra marca é o ambiente decorado com antiguidades. Inicialmente, a ideia era ter alguns itens para decoração. Depois virou um hobby - com coleção autêntica. Junto com a decoração, uma mudança de hábito dos clientes, que começaram a adotar o chá ao final do rodízio.
— Quando a gente começou a mudar a decoração, começou a aparecer as xícaras antigas. Aparecendo as xícaras antigas, nós começamos a usá-las, e aí criou-se um foco — explica Marcos, lembrando que as peças fazem sucesso nas fotos dos consumidores.
Entre novas e tradicionais pizzarias, ou mesmo com mudanças de hábitos, o certo é que a pizza segue amada pelos caxienses.