Em outubro, Caxias do Sul criou 987 vagas de emprego formal. Com isso, ficou com a posição de maior gerador de postos de trabalho no mês no interior do Rio Grande do Sul. A primeira colocada é Porto Alegre, com saldo de 2.011 novas carteiras assinadas. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (29) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Nos primeiros 10 meses do ano, são 8.619 postos de trabalho gerados na cidade da Serra. A indústria, motor da economia caxiense, concentra a maior parte desses empregos, um total de 6.192 no acumulado do ano e 412 em outubro.
Esse movimento positivo no setor industrial se descolou da pandemia. Mesmo no período mais grave, as empresas conseguiram, de uma maneira geral, continuar com pedidos. Um dos fatores que contribui para a isso é a forte ligação com o agronegócio, já que grande parte da produção local é destinada para esse segmento. Nos últimos meses, o arrefecimento da contaminação por covid-19 foi outro aspecto de colaboração para a indústria caxiense.
– Com a retomada das atividades, muitas pessoas enveredaram para trabalhar longe de casa. Vão precisar de condução para poder fazer esse serviço, de um ônibus. Outros tantos vão sair de férias, então precisam de ônibus também para fazer esses deslocamentos mais longos – exemplifica o professor Mosar Leandro Ness, integrante do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), referindo-se a uma eventual demanda pela produção de mais ônibus.
Com a aceleração da empregabilidade em Caxias no mês passado, o município tem uma posição diferente do país, que teve uma redução no ritmo de contratações. No Brasil, foram 159.454 carteiras assinadas em outubro contra 277.388 em setembro. Por outro lado, o maior município da Serra seguiu o que ocorreu no Estado. O RS criou 13.853 postos no décimo mês do ao contra 10.341 registrados no anterior.
Caxias do Sul também apresenta proximidade com o que aconteceu neste período em 2021, quando até outubro foram 8,3 mil empregos criados. Outra semelhança é que, nos primeiros 10 meses dos dois anos, a cidade teve saldo positivo entre as admissões e demissões.
A economista Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, coordenadora do Observatório do Trabalho da UCS, destaca, no entanto, que a renda média do trabalhador continua abaixo da média histórica no Brasil. É que, com as demissões na pandemia, a recontratação tem ocorrido com salários mais baixos.
— Uma coisa interessante desse mês é a movimentação de saldo positivo no comércio e serviços. Isso já começa a impactar as contratações temporárias com carteira assinada. Devemos ver melhor isso em dezembro, com dados de novembro. E é interessante que uma parte significativa dos temporários sempre fica empregada — aponta a professora.
Lodonha chama a atenção ainda para mudanças de perfis no mercado de trabalho. Segundo ela, observa-se uma maior rotatividade entre jovens — o que está ligado à geração que tem menor apego a fazer carreira em uma empresa determinada. Ela pontua ainda que profissionais mais qualificados que aceitaram empregos com menores salários, agora estão buscando vagas mais adequadas ao seu perfil.
Os cenários para 2022
Com a mudança de governo, a expectativa está centrada em como será a política econômica adotada pela equipe de Lula. Isso deve ter um impacto importante no desenvolvimento do país.
Mosar Leandro Ness diz que ainda é uma incógnita se os níveis de contratação vão se manter acelerados como estão e aponta que outro gargalo é a mão de obra qualifica. Entidades empresariais de Caxias do Sul dizem que há dificuldade de contratação por causa da qualificação desalinhada com a atual necessidade. E esse problema pode aumentar, já que os níveis de contratação seguem altos.
Já Lodonha Maria Portela Coimbra Soares salienta que todas as análises apontam para um 2023 mais difícil que este ano, independentemente de qual governo assumisse. Isso, segundo ela, está atrelado ao fato de que anos de eleições são marcados historicamente por medidas que incentivam melhorias econômicas. Por isso, ela entende que o primeiro semestre, principalmente, deve ser de adequações.