O setor malheiro, um dos principais da Serra, sofreu o impacto da pandemia de coronavírus de uma maneira menos intensa que a projetada entre o final de março e início de abril, quando a doença provocou o fechamento das atividades econômicas. A avaliação de entidades empresariais é que o setor foi favorecido por dias de frio intenso que ocorreram ao longo do inverno, estação que, embora ainda não encerrada oficialmente, já é passado para os malheiros.
O Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias (Fitemasul), que abrange 22 municípios da região, chegou a estimar, no início da pandemia, uma queda entre 25% e 30% nas vendas em relação ao ano passado. No entanto, o percentual de redução foi de 15%, o que trouxe até o certo alívio para o setor.
— Um ano atípico em relação à pandemia, mas a gente também avalia que, como teve um inverno consideravelmente bom, as vendas tiveram queda, mas não uma queda tão expressiva — explica o presidente do Fitemasul, Elias Biondo.
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Segundo ele, em relação aos empregos, houve corte de vagas, mas não de forma massiva. A alta do dólar é outro aspecto considerado positivo pelo empresário. Como a produção nacional concorre com importados, principalmente da China, a variação do câmbio traz mais competitividade para o setor têxtil. Apesar de ocorrer um aumento de custo em relação à matéria-prima, Biondo considera que a balança é positiva.
Já o presidente da Associação do Centros de Compras da Serra (Acecors), Paulo Dalsochio, projeta um aumento no preço dos produtos para os lojistas na próxima estação devido à cotação da moeda americana e revela apreensão sobre como isso será repassado ao consumidor. A temporada primavera/verão é o período de baixa para o setor. Além disso, o comportamento dos clientes tende a ser mais cauteloso na hora das compras, já que a economia deve encolher e o desemprego aumentar.
Por outro lado, o fechamento do inverno não foi tão ruim quanto o projetado. De acordo com Dalsochio, a entidade, que representa 30 empresas do setor em Farroupilha, estima um empate em relação às vendas do ano passado.
— Em resumo, conseguimos salvar a safra. Se não foi uma safra de inverno cheio, excelente, também não foi ruim. Até porque o inverno, comparando com o do ano passado, foi melhor. Não fosse a pandemia, teríamos uma ótima safra — comenta.