Doméstica há mais de 50 anos, Sonia da Fonseca atua hoje em um formato diferente do das diaristas autônomas. Para ela, o emprego é fixo e diário. No momento, não trabalha com carteira assinada, porque já está aposentada. Com 64 anos, ela começou o trabalho doméstico aos 10: num turno ia à escola, no outro trabalhava em outras casas.
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Em meio às restrições impostas pela pandemia, Sonia ficou duas semanas sem ir ao trabalho, mas, em acordo com os patrões, não deixou de receber o salário integral. Algumas alterações foram feitas, no entanto: ela deixou de receber o vale-transporte. Como não está usando o transporte coletivo, ela caminha cerca de 45 minutos todos os dias de casa até o trabalho. O mesmo percurso é repetido ao fim do dia, quando o expediente termina.
Embora tenha feito cursos em outras áreas, como massoterapia, depilação e manicure, Sonia explica que continua no trabalho doméstico fixo pela estabilidade. Os cuidados seguidos por ela hoje são redobrados justamente por estar no grupo de risco:
— Eu me cuido e me afastei da minha família. Não converso nem com as pessoas do prédio — relata.
A atitude é motivada também pelo cuidado com uma das patroas, que tem 84 anos. Elas dividem a cozinha da casa, mas outras tarefas leves ficam a cargo de Sonia no emprego há três anos que, mesmo em meio à crise e com readequações, tem garantido a ela um pouco mais de segurança. Financeira, pelo menos.