O friozinho da Serra Gaúcha começa a dar sinais de sua chegada e a indústria malheira está com a produção a pleno vapor para atender à demanda. Com pelo menos 70% do estoque para o inverno já garantido nesta época do ano, as cerca de 300 empresas do ramo na região mantêm o otimismo em relação aos negócios. A presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (Fitemasul), Paola Reginatto, estima crescimento de 3% nas vendas em relação a 2018.
– É uma previsão “pé no chão”, já que a economia ainda está em fase de transição – destaca Paola.
Ela lembra que, apesar do inverno passado ter sido intenso e constante, as vendas ficaram abaixo do esperado. A greve dos caminhoneiros atrapalhou e inibiu os consumidores na hora de abrir a carteira, até mesmo para investir no vestuário. O ponto positivo é que as baixas temperaturas do ano passado obrigaram as pessoas a tirarem as peças pesadas dos guarda-roupas com frequência. Por conta disso, este ano as vendas devem ser positivas, pois elas vão ser “obrigadas” a comprar novas peças.
Produção em Farroupilha
Principal fabricante de malhas do Rio Grande do Sul, Farroupilha também está produzindo em sua capacidade máxima. Edson Perottoni, dirigente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem de Farroupilha, estima crescimento de até 15% nas vendas em 2019. No ano passado, segundo ele, o frio chegou tarde demais, e isso prejudicou os negócios.
– O frio antecipado é determinante para o setor – sinaliza.
As 600 lojas que integram os quatro centros de pronta entrega no município se preparam para receber excursões, que levam a maior parte da produção. O movimento das caravanas ainda é tímido, mas, na alta temporada (maio e junho), os shoppings ficam lotados de ônibus, vindos principalmente de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
– O momento econômico não é primordial. O importante é estar frio ou não. Se há crise e está frio, vendemos bem.
Frio é garantia de negócios
As máquinas na malharia Traciatti Tricot, no bairro Kayser, em Caxias do Sul, produzem durante 24 horas por dia. Em 2019, a empresa pretende fabricar entre 10% e 12% a mais que no ano passado. Ou seja, a meta é fazer pelo menos 13 mil peças de roupas.
O proprietário, Rogério Gaiardo, garante que o mercado vai absorver toda a produção.
- Estamos otimistas. Se o frio vier, as vendas estão asseguradas - prevê.
Há seis anos no mercado, a Traciatti trabalha com uma linha de peças básicas, fundamentais no guarda-roupa de qualquer pessoa. Os diferencianciais estão nas cores e na matéria-prima utilizada. Toda a coleção é confeccionada em fio de algodão, o que garante maciez e durabilidade.
- O básico todo mundo usa - aponta Gaiardo.
Outra estratégia do empresário, que comanda a malharia com a esposa, Dolores, a filha e o genro, é a fabricação de roupas que podem ser usadas o ano todo.
- Como a base é o algodão, o resultado são peças leves que podem ser vestidas durante todas as estações - argumenta Dolores.
Em torno de 70% da produção da Traciatti é vendida na Serra, principalmente em Farroupilha, onde a marca mantém um atacado. Os 30% restantes seguem para lojistas de Santa Catarina e Paraná.
A expectativa de Gaiardo e Dolores está concentrada no Dia das Mães, data que costuma impulsionar as vendas da empresa.
- É a arrancada dos negócios. Se fizer frio na data, as vendas do ano vão decolar.
Festimalha será termômetro de vendas para o setor
Em Nova Petrópolis, o Festimalha vai ser o termômetro das vendas do setor, que emprega mais de 2 mil pessoas no município. Algumas malharias da cidade, especialmente as que não possuem loja própria, veem na feira a grande oportunidade para alavancar suas vendas.
Na edição deste ano, 47 malharias do município estarão presentes. Cerca de 30% dos negócios do ano das empresas locais são realizados no Festimalha. Para algumas malharias, o comércio na feira representa até 50% da receita anual.
Jonas Knorst, das malhas Knorst, pretende comercializar 10 mil peças na feira. Knorst, que integra o departamento de Malharias da Associação Comercial e Industrial de Nova Petrópolis (Acinp), estima crescimento de 20% em relação à edição de 2018.
- Ano passado foi atípico, devido à greve dos caminhoneiros. Nesta edição vamos retornar ao patamar de 2017 - reforça o empresário.
Neste ano, o Festimalha ocorre de quinta a domingo, entre 1 de maio e 9 de junho, no Centro de Eventos do município.