Março pode ser considerado um marco no desempenho da economia caxiense. Todos os setores fecharam no azul. Isso não acontecia desde agosto de 2011. Indústria, comércio e serviços apresentaram resultados positivos e puxaram o desempenho do primeiro trimestre de 2018, que fechou em 12,2% no comparativo com igual período de 2017. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 9,2%.
— Estamos quase rompendo a barreira dos 10% — diz a economista Maria Carolina Gullo.
Os dados foram divulgados ontem pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul.
O setor de serviços, o último a entrar em crise, reagiu de forma surpreendente: 8,7%, em março, e 16%, no ano. A indústria continua em curva ascendente, com alta de 12,4%, em 2018, e 9,7%, nos últimos 12 meses. O comércio também cresceu, mas de forma mais lenta (leia abaixo).
Na indústria, quase todas as áreas cresceram, exceto a massa salarial, que caiu 16,7% no semestre. E as perspectivas continuam positivas. O diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC, Astor Milton Schmitt, garante que a indústria caxiense está crescendo três vezes mais do que a nacional.
— Nossa cadeia automotiva é a mais sofisticada e abrangente do país. As três maiores empresas do setor estão com carteiras de pedidos boas —destaca Schmitt.
A indústria também foi o setor que mais gerou empregos este ano: 2,4 mil novos postos. No entanto, pelo menos dois fatores, segundo Schmitt, podem desacelerar este crescimento: o cenário político instável e a alta do dólar. Mesmo assim, a economista Maria Carolina não acredita que a tendência de alta seja revertida.
— Podemos ter uma desaceleração, mas não uma reversão — aponta ela.
Comércio reage, mas ainda há motivos para cautela
As vendas de Páscoa fizeram o comércio reagir em março, mas o atual cenário ainda exige cautela. O trimestre fechou em alta de 4,4% e, no acumulado dos últimos 12 meses, 7,5%. A sazonalidade, no entanto, faz com que os índices fiquem instáveis. O mês de abril, por exemplo, não teve datas significativas para o setor e a estimativa é de que o desempenho seja 50% menor do que o de março, que fechou em 6%. Mesmo assim, a retomada é considerada consistente.
— Estamos tendo um crescimento real nos indicadores. As expectativas apontam para uma recuperação dos números — afirma o assessor de Economia e Estatística da CDL Caxias, Mosár Leandro Ness.
O diretor de pesquisa, Informação e TI da CDL, Ricardo Comandulli, aponta a não realização da Festa da Uva como um dos motivos para o fraco desempenho deste ano do comércio.
— Fez falta (a Festa), mas os bons número da indústria em breve vão refletir no comércio, pois o poder aquisitivo deve aumentar.
As vendas de março foram puxadas pelos automóveis, caminhões, autopeças, informática e telefonia. As maiores quedas foram registradas nos segmentos de material elétrico, papelarias e brinquedos.
O item inadimplência ainda preocupa o setor. Em março, o estoque de dívidas também cresceu: 6,2% se comparado com fevereiro. No primeiro trimestre, o aumento foi de 25,5% e, no acumulado dos últimos 12 meses, o salto foi de 192%.
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