Se depender do aumento da gasolina, a inflação oficial de 2017 divulgada ontem pelo governo federal não representa a realidade no bolso do consumidor. Em junho do ano passado era possível abastecer a R$ 3,650 o litro da comum. Oito meses depois, o combustível em Caxias do Sul, bate na linha dos R$ 4,50 _ aumento de 23%. De acordo com o Sindipetro Serra, as altas repassadas pelas refinarias ficaram na casa dos 30%. Em meados de julho, alguns postos chegaram a vender a gasolina a R$ 3,09. Se o atual menor preço for comparado a este, a alta foi de 87%.
Ainda na última semana de 2017, os consumidores foram surpreendidos pelos reajustes. E permanecem em janeiro. No site da Associação Nacional do Petróleo (ANP), a média dos preços na primeira semana do ano, apontou para R$ 4,449 o litro. A pesquisa feita hoje à tarde pelo Pioneiro em 17 postos, o valor mais alto chegou a R$ 4,499. Os empresários do setor argumentam que a culpa é da nova política da Petrobras que, desde junho, ajusta os valores diariamente - para baixo ou para cima. O aumento dos impostos PIS/Confins, em julho de 2017, também é lembrado com revolta. Quem paga a maior parte da conta, no entanto, é o consumidor.
— Em 15 dias percebi três reajustes. Não sei mais como fazer — reclama o almoxarife Maicon Almeida Ribeiro.
Ele conta que já começou a se locomover de ônibus para tentar economizar. Mas nem sempre é possível e a facilidade de se deslocar de carro acaba falando mais alto.
— Gasto mais de R$ 400 por semana de gasolina. Um absurdo!
Distribuidoras blindadas
O diretor de uma rede de postos de Caxias, que prefere não se identificar, culpa as distribuidoras quando questionado sobre os preços. Ele revela que elas estão blindadas e ninguém as culpa pelos aumentos.
— A verdade é que são elas (as distribuidoras)que ditam os reajustes e estão "comendo" nossa margem, que hoje está em menos de 10%. São elas quem mais ganham. Há uma grande briga em Caxias para os postos conseguirem bandeira branca (quando é possível comprar de todas as marcas). Com isso é possível ter mais concorrência nos preços. Do jeito que está, estamos sucumbindo — declara.
Atualmente, três bandeiras comandam o setor: BR, Shell e Ipiranga. Segundo o empresário, a queda nos últimos três anos no consumo de combustíveis na cidade chega a 16%/ano. E prevê:
— Este é o cenário que visualizo para 2018. Mais aumentos, menos consumo. Amanhã (hoje) já tem mais um reajuste previsto pela Petrobras — esbraveja.
O Sindipetro Serra não tem dados sobre o número de litros que são consumidos em Caxias por mês. Um empresário do ramo arrisca uma média mensal de 17 milhões de litros. Há três anos, esse número seria de 25 milhões de litros. Baseado nestes dados, a redução no consumo chegaria a 32%.
Vale pesquisar
Pesquisa realizada na tarde de hoje pelo Pioneiro (ver tabela) revela que a diferença no litro da gasolina comum (pagamento à vista) pode chegar a a R$ 0,20. A maioria dos pontos não exibia grandes placas com preços promocionais. Em um dos postos pesquisados, o frentista sequer sabia qual era o valor cobrado na bomba. Foi preciso esperar o gerente pesquisar e anunciar.
Se o consumidor for encher um tanque de 50 litros, pode desembolsar R$ 10 a menos. Com esse valor é possível comprar cinco litros de leite, por exemplo.