A queda na venda de equipamentos agrícolas passa de 30% em Caxias do Sul. Com as incertezas do cenário econômico, produtores aguardam definições do novo governo para voltarem a investir.
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O gerente comercial da Lavrale, André Santin, diz que o ano começou com vendas abaixo do planejado, embora o mês de abril tenha esboçado uma pequena reação. A queda é de 35%.
– O agricultor vem de um histórico ruim e a incerteza do rumo que a economia vai tomar piorou mais a situação. Ele está com medo de investir – explica.
Outro ponto destacado pelo gerente é a burocracia dos financiamentos.
– O produtor precisa ir ao banco mais de 10 vezes até aprovar o crédito.
A estratégia da empresa, segundo ele, é se aproximar cada vez mais do cliente e entender suas dificuldades a ajudá-lo a decidir.
– É um trabalho de formiga.
Na Unyterra, a baixa nas vendas chegou a 50% no primeiro trimestre do ano.
– Os agricultores estão capitalizados, mas com medo de investir. Estamos vivendo um momento e total falta de credibilidade – explica o gerente comercial da loja, Régis Vanderlei de Castilhos.
Ele acredita que a agricultura só tende a crescer.
– Falta somente incentivo – enfatiza.
Na Agrimar, o cenário se repete. A queda fica em 30% em relação ao ano passado.
"É preciso investir e evoluir"
Medo de investir não é uma característica do agricultor Jaime Sosnoski, 49 anos, e morador de Nova Roma do Sul, na Serra Gaúcha. Ao contrário da maioria dos produtores de uva, na safra passada colheu 80% da produção de seus 10 hectares plantados. Foram 140 toneladas da fruta. Com o preço em alta, faturou o suficiente para comprar um trator novo, que custou R$ 60 mil.
– Tem que evoluir. Na próxima safra pretendo colher 200 toneladas – acredita.
Segundo Sosnoski é preciso avaliar se vale a pena somente reformar um equipamento agrícola. Às vezes, informa, acaba gastando e se incomodando mais do que adquirir um novo.
– No meu caso eu iria gastar mais.
Para o produtor de uva, quanto mais se demora para investir, mais demora o retorno da renda.
– Tenho 10 anos para pagar. Estou muito feliz com meu novo trator, modelo 4233. Já estou cuidando das minhas parreiras – justifica.
Cresce a reforma de tratores
Se as vendas de novos equipamentos baixou, as empresas de manutenção e reforma de tratores comemoram a alta dos serviços.
– O faturamento triplicou – festeja o gerente administrativo da Máquinas Agrícolas SB, que trabalha com vendas de peças e manutenção de tratores e outros equipamentos agrícolas.
Na Hydrol Indústria e Comércio de Equipamentos Hidráulicos, o movimento também cresceu. O trabalho de manutenção da linha hidráulica teve um incremento de 50% em relação ao mesmo período de 2015.
– Os produtores estão reformando seus equipamentos para investir menos e não assumir uma dívida maior – justifica o vendedor da empresa Rovani Martinelli Nunes.