
Quando questionados sobre quais são os agravantes desta crise atual, economistas e executivos normalmente são unânimes em dizer que o principal motivo é que ela é geral, ou seja, vem afetando todos os negócios. Considerado um dos mais renomados empresários brasileiros, Jorge Gerdau chegou a dizer recentemente que a retração é tanta que "não poupa nem pipoqueiro". Os números, de fato, mostram prejuízos expressivos em todos os principais setores e Caxias chegou a fechar 2015 com baixa de 18,7% na economia. Raros segmentos, porém, vêm conseguindo ir na contramão da massa e conseguiram o improvável: entraram em 2016 sem quedas expressivas e alguns até mesmo mostraram crescimento.
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O setor de segurança é um dos que ainda desponta a despeito do cenário negativo. A Megams - que tem matriz em Caxias e filiais em Porto Alegre, Passo Fundo e Xangri-lá - cresceu cerca de 20% no ano passado. A empresa é distribuidora de soluções em segurança (câmeras, alarmes, cercas) e conta com cerca de mil clientes ativos:
- Além do próprio segmento estar em alta devido a essa constante sensação de insegurança, creditamos esse resultado ao investimento em tecnologia e inovação. Quem não se preocupa com esses fatores, independente do setor, tem ficado para trás - avalia Daniel Marcon, gerente de marketing da empresa.
A inovação buscada pela Megams não ocorre somente nos produtos. Julio Kunz, diretor geral, conta que em março a empresa vai passar a sediar um centro de capacitação para profissionais da área em nichos como instalação e monitoramento:
- A ideia é qualificar ainda mais a mão de obra do setor e reforçar nosso próprio negócio - ensina.
Farmácias sentem menos
Outro setor que, apesar de não ter crescido, tem sentido menos os efeitos da crise é o de farmácias. Segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o segmento caiu 1,15% em 2015 - contra baixa geral de quase 30% no comércio.
Taline Corso, coordenadora regional da rede de Farmácias São João, confirma que os efeitos da crise chegaram de forma menos expressiva do que em outros setores. O reflexo mais ameno é atribuído ao fato de que medicamentos são considerados itens de primeira necessidade:
- Alguns clientes até conseguiram substituir marcas por outras mais em conta, mas em geral as vendas de medicamentos contínuos seguem normal. Notamos mais impacto em itens de higiene e de beleza, esses agora saem mais quando há ações promocionais - relata.
Para não deixar o cenário afetar o negócio, a São João também vem apostando no controle de custos e no atendimento qualificado. A rede segue investindo ainda na aproximação com o público: em 2015, 7 novas unidades foram abertas na cidade.
Seminovos disparam no mercado de veículos
Com a desaceleração não dando trégua, muitas empresas estão explorando novas áreas de atuação, visando assim contemplar ramos menos afetados pela crise.
Alguns negócios, entretanto, já contavam com uma essência de diversificação muito antes da retração e agora sentem menos o impacto da queda nas vendas. Esse é o caso da Betiolo, que é especializada em vendas de veículos novos e seminovos.
Com a queda no poder de compra, as vendas de automóveis, caminhões e autopeças novos caíram 45,22% ao longo de 2015 em Caxias, conforme dados da CDL. Na Betiolo, essa baixa expressiva não foi sentida:
- Notamos uma forte migração dos novos para os seminovos em 2015, o que pra gente não fez tanta diferença no resultado, já que trabalhamos nas duas modalidades. Se vendêssemos somente novos, certamente o resultado não seria esse - analisa Franco De Meneghi Piccoli, gerente de vendas de uma das unidades.
No início de 2014, os veículos novos representavam cerca de 40% das vendas da Betiolo. Atualmente, o índice caiu para 15%. Os seminovos, portanto, abocanham uma fatia de 85% das comercializações.
- Um carro popular novo, básico, sai hoje por volta de R$ 30 mil. Com o poder de compra mais baixo, muitos preferem utilizar esse dinheiro comprando um bom seminovo completo, modelo 2012/2013, e não ter os outros custos - exemplifica Piccoli.
Além da diversificação de mercado, a Betiolo aposta no preço competitivo e na qualidade do produto para seguir driblando a crise.