Uma atividade simples e recheada de badalação. É dessa forma que muitos enxergam a rotina de um promoter, afinal, basta divulgar o evento, levar convidados e se divertir. Porém, o dia a dia de quem trabalha na área é muito mais árduo do que aparenta ser. A jornada é puxada e os desafios são constantes. Ao menos é o que contam Leandra Romani, Caroline Polly e Paulinho Silva _ que animavam a noite caxiense nos anos 1990.
_ O sucesso da festa estava na nossa mão, era a gente quem fazia dar certo ou não. Toda a semana tínhamos que criar novos eventos, sempre com um tema diferente. E se a casa não lotasse era nosso problema_ afirma Leandra, uma das primeiras mulheres a trabalhar como promoter na cidade.
Com o passar dos anos, as dificuldades da carreira se alteraram. Para Deiwid Zottis (Zero 54), Bruno Vargas (Bulls Brasil) e Felipe Esteves (Level Cult) _promoters de casa noturnas conhecidas em Caxias_, o desafio atualmente está em atrair novo público para espaços já consagrados.
_Não tem tanto essa pressão de lotar a casa. Acho que a dificuldade mora em ter que conquistar novas pessoas ao mesmo tempo em que você valoriza quem já te frequenta_ explica Zottis.
Todos bacharéis em Relações Públicas, Leandra, Caroline e Silva, se conheceram nos clubes da época e mantêm uma amizade que já dura mais de 15 anos. Entre as diversas memórias acumuladas ao longo do tempo, eles relembram com carinho as atividades diárias do promoter da época.
_A gente fazia várias festas. Tinha a Factory, o Fórum Espaço Bar, a Entre Amigos. Nossa, nós virávamos noites etiquetando flyers e correspondência. A gente sabia nome, sobrenome e onde as pessoas moravam. Gastava-se horrores com os correios_ conta entre risos, Caroline.
Hoje, o desenvolvimento do universo digital mudou a forma como informações relacionadas aos eventos são consumidas. Isso porque grande parte dos contatos e convites são feitos por meio das redes sociais. Porém, o que pode ser encarado como uma facilidade apresenta, também, suas desvantagens.
_Muito da divulgação dos eventos acontece nos nossos perfis pessoais. Estamos sempre convidando as pessoas nas redes. Isso é bom, porque é prático. Mas, ao mesmo tempo, é um pouco cansativo. Temos que estar sempre disponíveis para os clientes e a todo o momento tem gente nos ligando e mandando mensagens_ diz Vargas, que há oito anos atua como promoter.
Avaliando diferenças e semelhanças entre as festas da década de 1990 e as atuais, Silva recorda a força dos eventos promovidos pelas rádios e clubes da cidade. Ele comenta que até hoje a noite movimentava grandes somas e é um investimento interessante para quem estiver disposto a se arriscar. Comparando o comportamento do público atual com o da época, o relações públicas afirma que a forma como os jovens aproveitam as festas hoje é diferente:
_As pessoas estão muito preocupadas em postar o que está acontecendo e me parece que as pessoas estão mais cansadas. Na nossa época não tinha isso, nós fazíamos festa de quinta a domingo e tínhamos muito gás. O pessoal ia para curtir, para botar o pé na jaca, mesmo.
O produtor da Level Cult, como prefere ser chamado Esteves, concorda parcialmente com Silva.
_Os jovens estão pensando, sim, em estar nas redes sociais. Mas, a galera ainda quer sim aproveitar a festa e dançar muito, isso não mudou.
O certo é que trabalhar promovendo a diversão é uma atividade prazerosa. Muito além do glamour, ser promoter significa colocar a mão na massa e fazer acontecer, como resume, Leandra:
_Ser promoter é um trabalho, sim. É puxado, tem responsabilidade, mas o legal é que a gente trabalhou se divertindo, sempre.
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