Quatro anos após Às Pampas, o grupo instrumental caxiense Yangos apresenta neste domingo, na Casa da Cultura, o mais recente trabalho. Chamamé é fruto de um período em que o quarteto formado por César Casara (piano), Tomás Savaris (violão), Rafael Scopel (gaita) e Cristiano Klein (percussão) se dividiu entre composições, apresentações e viagens para levar o nome da banda a palcos e eventos consagrados, como o icônico Jazz nos Fundos, principal bar de jazz de São Paulo, e a Fiesta Nacional del Chamamé em Corrientes, na Argentina.
As visitas ao nordeste argentino a convite do violonista e guru da banda, Dom Lucio Yanel – que também assina a produção de Chamamé – foi uma imersão às próprias origens do ritmo que caracteriza o som da Yangos e inspiração para a música de trabalho do álbum, Litorânea. – No Brasil, quando a gente pensa em litoral, pensa logo em mar. Em Corrientes conhecemos um litoral de rio, da beira do Paraná. Litorânea é uma música bastante alegre e pra cima, que é como a gente se sente naquele lugar bonito e muito ensolarado, onde faz 40 graus na sombra – explica Tomás Savaris, autor da música.
Casara endossa e complementa.
– Fomos convidados a ir conhecer as raízes do chamamé e a essência do índio guarani e acho que todos fomos surpreendidos. Tínhamos aquele imaginário da Argentina de Buenos Aires, do frio, mas é completamente diferente. Lembra o nordeste do Brasil. Tem carnaval, calorão, praias de rio. É uma energia muito legal – conta o pianista.
Chamamé é o quarto álbum da Yangos e traz 11 canções inéditas, sendo duas delas cantadas. Romance de Tabla y Agua, com letra da poeta correntina Pilar Romano, tem a voz e a música de Lucio Yanel, enquanto Soy Cantor Chamamecero tem letra, música e voz do argentino Jorge Suligoy (ambos subirão ao palco domingo). Junto desde 2005, o quarteto aponta para um futuro que se desenha cada vez mais fora do ninho, ao mesmo tempo reconhecendo a si próprio como ainda mais regional.
– Não concebemos mais a Yangos como uma banda regional, voltada para este mercado, e não podemos pensar isso só em palavras, mas também em atitudes. Nunca vamos arrancar a nossa raiz caxiense, mas os convites que recebemos para tocar em outros Estados e até fora do país abriram um horizonte novo. Foi assim com o convite para fazer o lançamento do disco no Jazz nos Fundos (no dia 19 de maio), que surgiu após termos ido a São Paulo participar de uma feira, por exemplo. Aceitamos na hora – destaca Casara.
Ainda imaginando os próximos 10 anos, Savaris filosofa:
– Uma das coisas importantes foi que, quando paramos de pensar até onde íamos, conseguimos ir mais longe. Tocamos chamamé na maior casa de jazz de São Paulo, fomos premiados no Açorianos pelo trabalho com o Dante Ramon Ledesma. Não sei aonde queremos chegar, mas queremos pisar fundo.