Estou cego. Diz a personagem de Saramago logo no início do romance Ensaio sobre a cegueira. Uma cegueira branca, um mar de leite, um nada na frente dos olhos de porcelana, incapazes de perceber o entorno. Os habitantes da cidade vão ficando cegos, e dentro dessa penúria aflitiva, que cessa a visão no meio de rotinas e afazeres banais, a cegueira se alastra e as pessoas se encontram incapazes de viver juntas. Todos infectados. Todos apavorados.
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