Depois de sete anos desde a parada oficial do Ira!, o vocalista Nasi e o guitarrista Edgar Scandurra se reúnem para uma turnê. Eles passam por Caxias neste sábado, para uma apresentação na All Need Master Hall (Rua Castelnovo, 13.351, Capivari). O show está marcado para a 1h, e contará com abertura da banda Overdose.
Ingressos de pista a partir de R$ 50 (3° lote), front vip (3° Lote) a partir de R$ 80, e mezanino open bar a partir de R$ 120 (3º lote), à venda nas lojas Tribus ( 3028.2063), Tropikal (3039.0008) e Skill Bento (54 3702.0113) e Farroupilha (54 3268.3377).
Informações pelo (54) 3028.2200.
Confira a entrevista completa que Nasi concedeu ao Pioneiro por telefone
Pioneiro: O que te fez querer retomar o Ira!
Nasi: Foi a reconciliação entre eu e o Edgar, esse foi o ponto de partida né. A princípio eu tomei e iniciativa de entrar em contato com o Edgar, prestando uma bandeira branca, para encerrar essa fase de animosidades entre a gente, pôr um fim nessa história, cada um estava seguindo sua carreira de maneira bem assertiva... Mas essa iniciativa não teve como intenção o retorno do Ira!, mas ela começou a deflagrar um processo. Meses depois, o Edgar me convidou para participar de um show beneficente, num instituto de ensino aqui em São Paulo, que ele tava organizando, e esse show acabou tendo uma repercussão muito grande dos fãs, na rede, e quando nós subimos no palco novamente no final de outubro para este show, a gente viu que estava viva ainda nossa parceria, a nossa vontade de cantar aquelas músicas, de reencontrar o público que ficou órfão da banda, então foi uma união da vontade do público e da nossa vontade também de retornar a parceria e a carreira.
Pioneiro: Como tem sido a turnê, muitos fãs comovidos com a possibilidade de ver a banda de novo? É uma redescoberta do Ira! com seu próprio público?
Nasi: Sem dúvida. Está sendo acima das melhores expectativas da gente. Claro que só voltamos porque tínhamos expectativas muito boas, a gente sabia da vontade do público, sabia da nossa vontade de retornar a fazer shows com uma nova formação, com sangue novo. Mas o que a gente está encontrando é algo acima mesmo, é um público muito emocionado, nem a gente mesmo acreditava que isso poderia ser possível, devido ao caminho muito distante que tomamos, afinal de contas, nenhum de nós dois estava parado, os dois estavam mergulhados em carreira própria. Agora, isso está sendo incrível mesmo. Tocamos aí em Porto Alegre, no Araújo Vianna lotado, mais de três mil pessoas. A própria organização do evento veio nos pedir mais uma data no camarim. Isso é algo que, vou te falar, aconteceu em poucos momentos da nossa carreira. Mesmo no Acústico, que foi o último grande momento de sucesso popular do Ira!, não tinha um fervor assim. Quer dizer, não estamos com música na rádio, não tem uma gravadora por trás da gente, não tem nenhuma campanha, nem nada, é nós, o nosso público e as redes sociais. Relação do artista com o público fica mais clara, porque, sei lá, há uns pares de anos atrás, para você ter um resultado assim, ou próximo disso, você necessitava de uma mídia já tradicional né, ir nos programas populares de televisão, as rádios FMs tocando muito... E o que a gente está vendo agora é que as redes sociais tão sendo nossa principal mídia para lotar todos os lugares onde estamos passando. Todos os lugares estão tendo ingressos lotados nas primeiras horas, primeiros dias. Então para a gente é uma coisa legal também, com mais de 30 anos de carreira, redescobrir uma maneira nova de se comunicar, no sentido de ver um sucesso dentro de um panorama diferente de relação do artista com seu público.
Pioneiro: E ver o lugar que vocês ocupam dentro do rock, certo?
Nasi: É claro que a gente tem uma noção de importância pelas coisas que nós fizemos, canções, discos, turnês, mas quando você vive isso assim, num país como o Brasil, você ficar parado durante seis anos e retornar não é fácil, as pessoas esquecem muito rápido. Por isso que eu falo para você, a gente se surpreendeu positivamente, tá sendo incrível. E aí em Caxias não vai ser diferente, nós temos aí um público muito roqueiro, um público que tem histórias de shows bacanas do Ira!, então dá para a gente medir e imaginar a temperatura do show.
Pioneiro: Vocês receberam críticas por voltar sem o André e o Gaspa na formação?
Nasi: Sinceramente não. Não estamos vendo nada disso. É óbvio que devem ter pessoas que gostariam que a formação fosse original né, mas qualquer dúvida dessa se derruba com os primeiro acordes do nosso show. Você pode acompanhar até nas próprias resenhas sobre os shows e não foi fácil porque essa formação, com toda essa pressão que tinha, da volta, ela estreou para 50 mil pessoas na Virada Cultural de SP. Então, quer dizer, a gente tinha muita segurança no taco da gente aqui, entendeu? Porque a gente poderia fazer um teste com shows menores por aí, mas não, optamos pelo show mais grandioso de todos e tá sendo incrível a nova formação, não só a banda, mas de equipe técnica. Eu e o Edgar, que somos os líderes, somos os criadores, somos a cara do Ira!, a gente trouxe pessoas que, nos últimos anos, estiveram muito arraigadas à gente. Então, o Edgar trouxe o baixo com o filho dele, o Daniel, eu trouxe o Evaristo (bateria), que gravou meus dois trabalhos mais recentes, tá comigo há mais de cinco anos. E o Johnny Boy, que é um músico que toca comigo mas já fez muitas turnês do Ira! como tecladista. Nestes seis anos que a gente ficou separado, a gente desenvolveu parceria com outros músicos. Então, para a gente seria doloroso chegar e falar assim: "tchau, meu" e trazer um passado que já tava virado, com os outros músicos que foram importantes no período deles, assim como, guardada as devidas proporções, o Charles Gavin e o Vitor Leite. Agora, sinceramente, eu nunca vi até hoje uma placa ou alguém falando alguma coisa. Acho que se tem essa tristeza, é por um grupo pequeno de fãs e dá para entender de uma maneira natural.
Pioneiro: Um disco novo está nos planos?
Nasi: Está sim, só não estamos com pressa, não queremos colocar data ainda. Não temos contrato com gravadora, estamos livres, temos conhecimento de gravadoras que têm interesse neste disco. Por isso estamos numa posição bem confortável, para não permitir pressão. A gente sabe também que, assim como nos shows do Ira! tinha uma expectativa de ser muito bom, como está sendo, à altura ou melhor do que eram no passado. A gente sabe que um disco novo tem a mesma expectativa, de gravar um disco que seja, no mínimo, à altura dos melhores. Para nós mesmos, para nossa satisfação, e para provar, para nós mesmos e para o nosso público, que a nossa volta tem uma razão de ser. Voltamos para fazer coisas à altura dos melhores momentos, mas não estamos com pressa, estamos querendo curtir esta turnê de celebração da nossa volta e as músicas estão surgindo, no momento certo, daqui um ano, um ano e pouco, a gente deve ter alguma coisa aí nas prateleiras.
Pioneiro: O que a parada trouxe de mais benéfico ao Ira!?
Nasi: Posso dizer também em nome do Edgar, tirando a parte negativa das brigas, etc e tal, a parte artística, pessoal minha e dele... desafogou essa parte criativa individual, que não conseguia muito espaço dentro de uma banda como o Ira! Tanto eu como o Edgar podemos lançar discos que foram importantes para a nossa satisfação pessoal. Isso foi muito importante, fez satisfazer esses nossos anseios particulares, pessoais, para poder aí sentir saudade do Ira!, entendeu? Isso que não tava dando para a gente sentir, mergulhado que a gente tava nas apresentações. A parte positiva, o legado dessa parada foi esse desafogo que demos nossos anseios artísticos, individuais, que aliviaram, que fizeram com que a gente crescesse mais um pouco como artista.
Pioneiro: Teve algum momento especial nesta turnê que você destacaria?
Nasi: A reação do público... Em vários shows, como em Curitiba, Recife, São Paulo, quando a gente sai o público, na hora de pedir bis, está fazendo uns cantos meio de time de futebol, sabe, a gente nunca tinha visto isso. Tipo, "ô ô, o Ira! voltou", ou "olê, olê, olê, olê, olê, Ira!, Ira!" Isso tá sendo muito emocionante, muito de galera de futebol, essa coisa de pegar o canto do "campeão voltou" para "o Ira! voltou", isso é um momento para a gente que está sendo muito bonito, é uma maneira muito intensa e muito particular de celebrar nossa volta, né. Eu destacaria isso.
De volta
Leia na íntegra a entrevista que Nasi concedeu ao Pioneiro sobre a volta e o show em Caxias
Ira! se apresenta neste sábado, na All Need Master Hall
Siliane Vieira
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