A Catavento abriu-se a novos ventos no show de lançamento do disco Ansiedade na Cidade, realizado na noite da última quinta, em Caxias. Se o início da banda — com o disco Lost Youth Against The Rush (2014) — remetia à sujeira do grunge e do noise rock, agora os guris se entregam de vez à veia psicodélica com a qual sempre tiveram boa relação. Mas não só isso. Ao vivo, o som abre espaço para ainda mais sonoridades do que a audição do disco sugere. Tem jazz, tem soul, tem rock e tem pitadas generosas de tropicalismos e brasilidades. A presença do tecladista Johnny Boaventura se torna imprescindível nesse sentido. Além de ser um grande pesquisador de música brasileira, as construções assinadas por ele no teclado são as responsáveis por conduzir a harmonia dos arranjos da maior parte das canções. Jonhny também se sai muito bem nos vocais da deliciosa canção Groove Geral.
Outro acerto da banda foi ter incluído Jonas Bustince oficialmente na formação. Posicionado ao lado da bateria, ele roubou as cenas várias vezes com danças animadas (foi o único que se mexeu o suficiente para sentir calor na noite congelante da quinta) conduzindo elementos percussivos e vários detalhes de barulhinhos escondidos nas músicas.
Selecionado pelo edital Natural Musical, Ansiedade na Cidade conversa com uma onda contemporânea de psicodelia brasileira, herdeira dos gurus d'Os Mutantes e hoje protagonizada por bandas como Boogarins e O Terno. Nesse clima, os caxienses vão testando caminhos próprios, ora evocando certo caos que o nome do terceiro disco sugere, ora oferecendo uma brisa calma que soa como um antídoto a ele.
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