– A gente não trabalha com a hipótese de não ter Financiarte. É sim ou sim.
A fala é de Wagner Carsten, diretor artístico das unidades da Secretaria da Cultura de Caxias que representou a secretária Adriana Antunes na noite de segunda, na reunião convocada pelo Conselho Municipal de Política Cultural que lotou a Sala de Cinema Ulysses Geremia. Carsten ocupou o cargo que era de Tita Sachet recentemente, e foi o escolhido para a representar a secretária, que não pôde comparecer. A ausência de Adriana Antunes, aliás, foi muito criticada pela comunidade cultural presente na reunião.
– Eu participei do Financiarte, eu sou artista, sou ilustrador há alguns anos. A secretária de Cultura é artista, a assessora dela é artista, as unidades artísticas todas têm artistas envolvidos, todos nós sabemos o que é ser artista, batalhar pela arte. Financiarte é o projeto mais importante da Secretaria da Cultura – sentenciou o representante da prefeitura.
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O discurso, porém, não acalmou os ânimos dos presentes, que temem pelo fim do Financiarte por conta do rombo nos cofres públicos causado pelo caso Magnabosco. A presidente do Conselho de Política Cultural, Caliandra Troian, foi enfática:
– Queremos a informação clara, meia palavra não nos serve.
O produtor cultural e MC Chiquinho Divilas fez um dos discursos mais fortes, convidado para falar em nome das manifestações populares, pasta da qual é representante dentro do conselho.
– Automaticamente, quando se investe em cultura, se está investindo na saúde, na educação e na segurança. Isso não é novidade para ninguém aqui dentro, a gente percebe evolução dia a dia nas periferias. A cidade que não investir em cultura terá os reflexo na ruas, com altos índices de criminalidade e drogadição. Esse sangue vai sim respingar e escorrer por debaixo das portas não só da periferia, mas da classe média, do Centro, em todos os lugares – disse ele, que fez ainda um rap com letra defendendo o Financiarte (veja abaixo).
O produtor cultural e cineasta Robinson Cabral fez questão de reforçar que o Financiarte é uma lei, não um acordo.
– A pessoa diz que vai implementar a cultura e ferra com a Festa da Uva, com o carnaval, com o MTG, isso é conversa de louco. Não perceber isso é de uma fragilidade brutal. Se a gente deixar acontecer, vai acontecer. A lei do Financiarte não é um acordo entre cavalheiros, é uma conquista da sociedade civil – disse.
O encontro durou quase duas horas e teve discursos de várias artistas e produtores culturais da cidade. Os vereadores Rafael Bueno e Velocino Uez (ambos PDT) também estiveram presentes no encontro. Ficou decidido que o conselho emitirá um documento oficial solicitando uma posição contundente da prefeitura, inclusive com as datas previstas para o novo edital. O documento será endereçado ao prefeito Daniel Guerra (PRB) e ao presidente da Câmara de Vereadores, Felipe Gremelmaier (PMDB). O conselho também tem reunião marcada para esta quarta, com a Comissão de Educação e Cultura, e vai ocupar a tribuna da Câmara de Vereadores às 8h30min desta quinta.