Hoje no mundo há um tipo de barbarismo óbvio promovido por grupos grotescos como o Talibã. Recentemente, estabeleceram uma nova lei no Afeganistão proibindo que as vozes das mulheres sejam ouvidas em público porque são consideradas “instrumentos potenciais de vício”. Além disso, elas também não podem cantar nem ler em voz alta sequer dentro de suas próprias casas. Nada surpreendente numa cultura onde imperam chibatadas e a lei do apedrejamento até a morte em praça pública contra mulheres que infringirem algum tipo de código de conduta “moral”.
Esses povos medievais e incivilizados promovem impunemente toda sorte de barbárie em pleno século 21: em 2016, por exemplo, um adolescente iraquiano foi decapitado no meio da rua pelo Estado Islâmico, e no mesmo final de semana outros dois jovens foram mortos a tiros por terem faltado às “orações de sexta-feira”. Infelizmente, a relativização “cultural” faz o Ocidente não só fingir demência quando lê esse tipo de coisa no noticiário, mas ser tolerante e abrigar grupos e manifestações extremistas no centro de cidades como Londres, Toronto, Nova York. É insano.
Por isso, o que mais me preocupa não são os bárbaros óbvios, mas os bárbaros nem tão óbvios assim: há muita gente inculta e iletrada, cega por ideologias anacrônicas e que ocupam altos cargos no poder público, seja executivo, legislativo ou judiciário. É aterrador que as eleições claramente fraudadas por um ditador bruto como Nicolás Maduro ainda não tenham sido veemente rechaçadas pelo governo brasileiro. Tomados por um antiamericanismo burro e um caudilhismo socialista bolivariano, figuras importantes do governo cismam em ficar em cima do muro — ou claramente defender o regime autoritário — quando o tema é Venezuela (ou Cuba).
Pior ainda é que a falta de princípios básicos de uma sociedade civilizada — como conhecimento, respeito aos direitos humanos e cultura básica — não é um problema só do Oriente Médio e da América Latina. Assisti há alguns dias um vídeo do senador republicano norte-americano Tom Cotton questionando Shou Zi Chew, CEO do TikTok. Em janeiro, na audiência promovida pelo senado dos Estados Unidos sobre os perigos das redes sociais na saúde mental dos jovens, Cotton perguntou o domicílio, a nacionalidade e a relação do CEO do TikTok com o Partido Comunista Chinês. Shou Zi Chew respondeu que era de Cingapura, ou seja, um país completamente independente da China. Mesmo assim, Cotton insistia em sugerir que o executivo era “chinês”, claramente ignorando o fato de que Cingapura não pertence à China.
Um dos sintomas mais claros da falta de civilidade é este: a burrice. E quando a pessoa parece ignorar a própria ignorância e se encontra numa posição de força e poder, basta um pequeno passo para a barbárie, ou seja, impor sua vontade sobre os outros munido do tacape da brutalidade diante da falta de argumentos. Não se trata mais de um mero embate entre esquerda e direita: trata-se, mais do que nunca, de um assustador confronto entre bárbaros e civilizados.