Desde o segundo semestre do ano passado, as aulas de matemática e ciências se tornaram mais atrativas para a jovem Bruna Kotikoski, aluna da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Elpídio Fialho, de Marau, no norte do Estado.
É que a escola passou a utilizar lousa digital em substituição ao tradicional quadro branco. A estudante de 12 anos, da 7ª série do Ensino Fundamental, aprovou a mudança.
— É algo diferente. Nós (alunos) estávamos acostumados com quadro branco, mas está sendo muito mais interessante. Podemos ver vídeos, temos mais explicações, mais conhecimento — destaca.
Para ela, substituir o canetão no quadro branco pelos dedos ao acessar a tela para fazer um exercício se tornou muito mais dinâmico. Mais do que isso: fez com que a atenção fosse dobrada, já que está mais acostumada à era digital.
— É mais atrativo, porque podemos mudar de cor, fazer contas, escrever, mudar títulos, fazer decoração. A gente (turma) gosta muito mais — completa Bruna.
A novidade em sala de aula foi uma iniciativa da Secretaria Municipal de Educação após nova realidade imposta no período de pandemia, com a inclusão de aulas virtuais e maior uso de telas. No município com mais de 45 mil habitantes, todas as 11 escolas municipais de Ensino Fundamental possuem um software de ensino com lousas digitais para as aulas dos anos finais — 5º ao 9º ano.
O investimento de R$ 1,9 milhão foi feito com recursos do próprio município. Para 2023, a meta da prefeitura é que a tecnologia também chegue aos anos iniciais, do 1º ano ao 4º ano. A escola Elpídio Fialho, localizada na Rua Joana Rech Molin, no entanto, é a única que possui lousa digital em todas as salas de aula.
— A gente costuma brincar com os pais de que nós (direção) passamos pela sala e dá vontade de entrar e ficar na aula. Para o professor que sabe utilizar, que busca entender melhor a ferramenta, se torna maravilhoso. É fantástico — pontua a diretora da escola, Rosane Júlia Longo.
Maior participação na aula e diminuição de faltas
Com a digitalização em sala de aula, a nova ferramenta auxilia os professores num processo de aprendizado mais qualificado. Além disso, o software tem proporcionado maior interesse e participação dos estudantes em sala de aula. A escola também registra diminuição no número de faltas.
Professora de matemática na escola Elpídio Fialho, Daniela França relata que a dinâmica das aulas melhorou com a possibilidade de trazer jogos interativos, pesquisa e apresentação em vídeos didáticos aos estudantes.
— As crianças participam muito mais, estão mais entusiasmados para estudar. Nós temos até um acordo, se eles participam da aula, colaboram, eu deixo os três minutos finais para cada um interagir um pouco na lousa. É o ônus e o bônus. Assim, consigo mais atenção deles, porque sabem que serão recompensados — conta.
Os professores da rede municipal de Marau passaram por cursos de formação para aprender a utilizar o software de ensino, afirma a secretária de Educação, Pricila Mognon Trevizan.
— Foi um aperfeiçoamento para utilizarem as lousas. Como todas as disciplinas usam, foram cursos que projetaram o uso desta tecnologia em sala de aula. Eles possuem acesso rápido para pesquisa, vídeos, interação, exercícios. É muito importante para essa interação entre aluno e professor — pontua.
"O aluno é digital", afirma prefeito Iura
No último ano, Marau destinou 35% do valor arrecadado no ano para a pasta da Educação. Entre os investimentos, a compra do software de ensino com a lousa digital foi um dos principais aportes. Para 2023, o prefeito é objetivo: possibilitar o acesso a todos os alunos da rede municipal de Ensino Fundamental.
— A nossa meta é que todo estudante do Ensino Fundamental possa ter aula com as lousas, desde o 1º ano até o 9º ano. No mundo de hoje, o aluno é digital. Trabalhamos com isso para qualificar, possibilitar uma ferramenta importante ao professor, para prender mais atenção do aluno, facilitar a comunicação e a compreensão do aluno, que está a todo momento com as telas, aprendendo muito mais com o dedo — declara Iura Kurtz.
A pandemia é a referência de aceleração do processo tecnológico na educação para o prefeito. Segundo Iura, a gestão atuou com o objetivo de encurtar a diferença de geração entre aluno e professor, que foi colocada à prova desde o período do crescimento do online.
— O aluno é mais digital, o professor é de outra época, menos tecnológica. Ter esse encurtamento de distância foi um desafio. Nos preparamos para que o município possa ter um aluno com aprendizagem mais digital, mais conectado ao mundo, ao universo, ao mercado de trabalho atual, que caminha para o lado da tecnologia da informação. A partir disso, melhoramos o processo de aprendizagem das nossas escolas — completa.
Interdisciplinaridade
Em um universo de uma educação moderna, a interdisciplinaridade também converge entre os diferentes conteúdos apresentados em sala de aula. A professora Daniela explica que a ferramenta possibilita atuar com disciplinas que se complementam e que ampliam o raciocínio dos estudantes.
— Nós temos muitos recursos em sala de aula em que aproveitamos. São muitos projetos interdisciplinares, que envolve matemática com português, por exemplo. A lousa nos ajuda com isso. Se tem algo que eu não sei sobre artes ou história, posso pesquisar na lousa e juntar história com matemática. É fantástico, porque o conhecimento é rápido e de fácil entendimento dos alunos — sinaliza.
Software
A lousa digital utilizada nas escolas de Marau foi adquirida por meio de um fornecedor de Veranópolis. Os aparelhos são de fabricação chinesa, mas o desenvolvimento do produto é realizado no Rio Grande do Sul. O produto também é utilizado em diversos Estados brasileiros, além de Portugal e da China.
GZH Passo Fundo
A Redação Integrada pode ser contatada pelo WhatsApp.