Desde 9 de agosto, os grupos que participam do Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo preenchem a cidade com culturas de diferentes partes do mundo. Nas apresentações, o figurino, as cores e músicas carregam significados únicos.
Os espetáculos chegam ao fim neste sábado (17), com encerramento marcado às 19h30min. Embora o levantamento de público ainda esteja sendo feito, a secretária municipal de Cultura Miriê Tedesco, afirma que a procura surpreendeu, com lotações máximas nas apresentações.
— O festival se concretizou como um evento de admiração e confiança, não só do público, mas também dos grupos, muitos deles pedindo para vir se apresentar e não apenas esperando o nosso convite — afirmou.
Do Paraguai, o grupo Desde El Alma encantou o público com sua indumentária, que traz presente a figura das mulheres e homens paraguaios de forma artística, com elementos históricos.
— Todos os itens carregam um significado para o povo do Paraguai, desde os acessórios de cabelo até a calça usada pelos homens. Elementos da religião e do passado estão muito presentes — disse a diretora da equipe, Clara Galeano, após apresentação na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Benoni Rosado.
Nas mulheres, as joias douradas são referência a um país que, antigamente, era rico em ouro — e a cruz em um colar traz presente a religiosidade do Paraguai. A flor nos cabelos é uma alusão ao perfume e à beleza da mulher.
— Já nos homens, a cor vermelha do lenço é atualmente uma referência a San Blas, santo considerado padroeiro do Paraguai. Mas antigamente, as cores precisavam ser neutras, como branco ou preto, porque o vermelho e azul remetiam a movimentos políticos — conta Galeano.
Do continente europeu, o grupo Ludowy Zespol Piesni i Tanca, do nordeste da Polônia, cruzou o oceano para participar das apresentações.
— Na nossa região da Polônia, temos o costume de usar roupas assim aos domingos. Mas antigamente era comum o uso (diário), nos séculos 14 e 15. São roupas feitas à mão, principalmente os bordados, e costumavam ser feitas por comunidades muito pobres — conta um dos integrantes do grupo, Maciek Syczewki.
As roupas masculinas são simples, com cores neutras e acompanhadas de uma boina para proteção do sol. Os trajes mais extravagantes ficam por conta das mulheres, com joias, pérolas e faixas coloridas.
— As mulheres é outra história. Elas costumavam usar os tecidos caros, pérolas corais e com as cores da terra, como o verde, vermelho e amarelo, porque a nossa região é muito próxima da natureza — acrescenta ele, após apresentação na Emef Wolmar Salton, na manhã de sexta-feira (16).
Mesmo distantes um do outro — social e geograficamente —, as apresentações do Paraguai e da Polônia comunicam histórias que se aproximam: são homens e mulheres do campo em danças que retratam o começo do romance entre casais.
Próximas edições
Apesar da aceitação do público e da riqueza cultural dos grupos folclóricos, a secretaria afirma que ainda não é possível dizer se haverá uma próxima edição do festival. Conforme Tedesco, o período eleitoral é um dos fatores que contribuem para a indefinição.
Neste sábado, é possível acompanhar as últimas apresentações dos artistas a Passo Fundo — pelo menos nesta edição. Confira a programação:
Sábado (17)
- 19h30min: espetáculo no CTG Lalau Miranda. Reunirá os grupos da Argentina, Ceará, Chile, Colômbia, Santa Catarina, Itália, Macedônia do Norte, México, Pará, Paraguai, Paraíba, Polônia, Portugal, República Tcheca e CTG Moacir da Motta Fortes.
- Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)