Por Sandra Dall’Onder, tradutora juramentada
A cidadania italiana é um assunto que sempre despertou interesse em muitas pessoas ao redor do mundo, principalmente em países com uma grande diáspora italiana. É um reconhecimento que pode proporcionar inúmeros benefícios, como a possibilidade de viver e trabalhar na Itália, tendo acesso aos serviços públicos, e de viajar livremente pela União Europeia.
No ano passado, a apresentação ao Senado italiano de um projeto de lei assinado pelo vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Roberto Menia, suscitou grande preocupação, especialmente na comunidade italiana do Brasil. O projeto tem o potencial de impactar os requisitos e regras para a obtenção da cidadania italiana, tornando o processo mais difícil para muitos descendentes que desejam resgatar suas raízes. Entre as principais propostas está a liberação da cidadania somente até a terceira geração, além da obrigatoriedade de viver na Itália por um ano e ter a certificação do idioma italiano nível B1.
O projeto tem o potencial de impactar os requisitos e regras para a obtenção da cidadania italiana, tornando o processo mais difícil para muitos descendentes
Importante destacar que Roberto Menia é herdeiro moral do ministro Mirko Tremaglia (1926-2011) e responsável italiano no mundo do tradicional Fratelli d’Italia – partido de Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália e presidente do conselho de ministros. Ou seja, estamos diante de um importante personagem do alinhamento majoritário de apoiadores do atual governo. A proposta de Menia foi relançada, precisamente, durante a primeira assembleia do Conselho Geral dos Italianos no Estrangeiro (CGIE).
O deputado Fabio Porta, eleito pela América do Sul na Câmara dos Deputados da Itália, disse que não devemos semear o pânico, tampouco deixar de nos preocupar com esse projeto de lei. Todos os anos, surge uma “novidade” no que se refere ao reconhecimento da cidadania italiana, seja pela questão geracional, seja de outras formas. Acredito que italianos nascidos no Exterior, e mesmo aqueles que ainda não obtiveram a dupla nacionalidade, devam se aproximar da cultura italiana por meio do estudo da língua e de seus costumes para fortalecer os laços e a conexão entre a Itália e sua diáspora. Afinal, a cidadania italiana não é somente um documento, um passaporte, é um resgate da nossa história.