É aceitável que um administrador público perca cerca de R$ 300 milhões que deveriam ser investidos em obras de saneamento na bacia do Rio dos Sinos, uma das mais poluídas do país?
Essa questão nos levou a realizar, pela Comissão de Assuntos Municipais, uma audiência pública em abril último. Era a oportunidade para que a atual direção da Corsan pudesse esclarecer as razões para a perda dessa monumental quantia de dinheiro, a ser repassada pelo Governo Federal a fundo perdido, isto é, sem necessidade de devolução.
Todos os gestores da Corsan estão confortavelmente em seus cargos, enquanto se perdem milhões e o meio ambiente fica abandonado
Inicialmente, é preciso relembrar que, em 2013, durante o Governo Tarso, a Corsan contratou junto à União o valor de R$ 521 milhões a fundo perdido, para fazer obras de tratamento de esgoto em Canoas, Taquara, Parobé, Estância Velha e Portão, entre outros. Naturalmente, o contrato estabelecia prazos para o início das obras. A elaboração e a aprovação dos projetos de engenharia junto à CEF deu-se ainda em 2014 e parte das obras foi licitada ao final daquele ano. Sempre há percalços nesses processos, porém, nada que justifique atrasos e, sobretudo, a perda dos recursos.
Documentos da CEF e do Ministério das Cidades, apresentados na Audiência Pública, comprovam que, por descumprimento de prazos contratuais, a atual direção da Corsan é autora da façanha de perder quase R$ 300 milhões que poderiam gerar empregos, desenvolvimento e melhorias ambientais. E, para piorar, os R$ 200 milhões restantes também estão em vias de ser perdidos.
O governador Sartori, que tanto tem falado em crise e em falta de recursos, foi informado desse descalabro. Qual foi sua atitude? Nenhuma! Todos os gestores da Corsan estão confortavelmente em seus cargos, enquanto se perdem milhões e o meio ambiente fica abandonado. Ficamos, agora, no aguardo das providências do Ministério Público. Os culpados precisam ser responsabilizados, porque jogar fora investimentos em saneamento básico, escassos e sempre insuficientes, é um verdadeiro crime contra a vida!