A denúncia sobre a existência de uma verdadeira faculdade de papel, que se vale da documentação vencida de uma instituição de ensino para vender diplomas de pós-graduação sem reconhecimento do Ministério da Educação (MEC), revela algo de muito errado na liberação e no credenciamento de cursos no Estado e no país. Educação é algo importante demais para ser negligenciado sob o ponto de vista da fiscalização, o que acaba dando margem ao surgimento de cursos caça-níqueis. As deformações não ocorrem apenas por se tratar de instituições privadas, mas pelo descuido em relação ao fato de que seus operadores devem ser sempre cidadãos acima de qualquer suspeita, e não ex-condenados cujo maior interesse é acumular bens, incluindo carros de luxo.
No caso específico da reportagem do GDI – Jornalismo Investigativo, publicada em Zero Hora, chama atenção que alguém demitido de órgão público por "falsificações grosseiras" de diplomas e condenado judicialmente pela farsa possa ter montado, sem esbarrar em qualquer limite, um verdadeiro império fraudulento. E mais: que o "magnífico reitor" do Grupo Facinepe/Inepe tenha demonstrado a habilidade de ludibriar tanto interessados em avançar nos estudos quanto personalidades às quais agraciou com títulos honoríficos frios.
É sempre inadmissível que, por debilidade na atuação de órgãos públicos, surjam margens para qualquer tipo de fraude. Irregularidades são ainda mais inconcebíveis no âmbito da educação, por envolverem expectativas, além do dispêndio de tempo de estudo e dinheiro por parte das vítimas. Por isso, suspeitas nessa área devem ser sempre denunciadas e a fiscalização precisa agir com rigor máximo.