O Estado brasileiro nas esferas municipal, estadual e federal padece ainda dos efeitos da crise de 2008, que atingiu o país de modo retardatário. O crash, maior que o de 1930 na bolsa de Nova Iorque, foi mais do que a mera "marolinha" como insistia em afirmar um ex-presidente da República. A má gestão, contaminada pelo viés do otimismo excessivo, que levou ao aumento dos gastos públicos, acabou ampliando os efeitos da crise e deixando o Estado sem recursos para investir em saúde, educação, segurança e pesquisa. O efeito manada da gastança que atingiu a Administração pública brasileira, com base em decisões meramente intuitivas, foram marcas flagrantes dos anos 2002-2016.
Decisões intuitivas nas políticas públicas e na gestão do Estado, bafejadas por ranços ideológicos, sem a instauração de um procedimento de análise do custo-benefício, jamais darão certo no longo prazo.
O processo decisório nas políticas públicas, calcado na economia comportamental, é um antídoto importante para se evitar decisões com motivações intuitivas que levam aos graves erros e aos grandes prejuízos econômicos, sociais e ambientais. Não é à toa que nos últimos anos, cinco Prêmios Nobel em economia foram concedidos a cientistas pesquisadores na área do behavior and economics. Entre estes estão Daniel MacFadden [2000], George Akerlof [2001], Daniel Kahneman [2002], Thomas Schelling [2005] e Robert Schiller [2013]. Polarizações ideológicas, que impedem o debate de dados concretos, são péssimas para o processo decisório, pois o radicalismo tende a levar a graves erros e açodamentos.
A solução da crise do Estado, de outro lado, não pode ser a tomada de decisões com base na intuição (em sentido oposto) de que a mera venda ou a dilapidação do patrimônio público irá solucionar todos os males, pois a bancarrota estatal possui causas para além de econômicas, também políticas e morais. A moderna doutrina do law and development nos Estados Unidos não defende o Estado mínimo, nem o máximo, mas o Estado pragmático que não é guiado por ranços ideológicos ou nefastas intuições. O Estado (neoliberal, socialista ou social-democrata) guiado pela intuição, sempre será um fracasso...