Esta discussão sobre a reforma do Ensino Médio deveria ter uma página permanente em todos os jornais. Porque eu não sei se o país está se dando conta da importância do tema. Desta mudança, e do seu rumo, pode nascer um futuro melhor para as crianças e para a nação. Afinal, a coisa mais transformadora na vida de uma pessoa, ou de um país, é a educação.
Este salto de qualidade vem do conhecimento, da cultura e de uma visão de mundo ampliada, capaz de correlacionar fatos, construir nexos e colocar causa e efeito na mesma equação. E basta perguntar a qualquer educador para entender que a educação, o interesse permanente de aprender, está diretamente ligado ao prazer de ler. Incentivar o gosto pela leitura desde cedo deveria ser uma meta eterna de professores, pais e formuladores de políticas públicas.
O governo precisa colocar isso como objetivo da reforma do Ensino Médio, para que o país possa ampliar exponencialmente o acesso dos adolescentes aos livros. Hoje, quem gosta de ler aprende em casa, ou, raramente, com um professor apaixonado. Mais da metade das escolas públicas sequer tem bibliotecas. E, no geral, os alunos ainda são reféns do absurdo que é o ensino de literatura em ordem cronológica. Já escrevi aqui: é impossível que as novas gerações tenham prazer de ler sendo obrigadas a enfrentar Machados, Bilacs e Gracilianos quando nem mesmo possuem experiência de vida para entendê-los. Se invertêssemos o ensino de literatura, os jovens leriam livros contemporâneos e mais próximos do seu mundo no início da vida escolar, tendo mais chances de pegarem o gosto pela leitura. Além disso, também leriam os clássicos quando estivessem perto do vestibular, com cabeça e idade para compreendê-los, admirá-los e, enfim, gostar de lê-los.
Virar de cabeça para baixo a ordem do ensino de literatura nos colégios. Esta é uma sugestão simples e fácil de aplicar, e já faria uma transformação gigantesca no presente dos alunos e no futuro do Brasil.