Não há a mínima possibilidade de mudar o Brasil sem mudar o patamar de produtividade das empresas brasileiras. E não há como mudar este patamar sem transformar nosso ecossistema produtivo, que envolve força de trabalho, capital social, recursos financeiros, tecnologia e as legislações tributária e trabalhista.
É óbvio que, neste movimento, é preciso bom senso para dar a dose certa de injeção capitalista, sem desrespeitar direitos ou desconsiderar nossa imensa desigualdade social. Mas, ao mesmo tempo, é preciso deixar o imobilismo a que estamos condenados pelas posições corporativistas e sectárias, sob o risco de ficarmos discutindo os anéis enquanto perdemos os dedos.
Bastam alguns exemplos para mostrar como estamos pequenos. As três maiores siderúrgicas brasileiras – CSN, Gerdau e Usiminas – perderam mais de 94% do seu valor de mercado nos últimos cinco anos. O Google, em apenas 11 anos de vida, vale 525 bilhões de dólares e isto é mais do que todas as 358 empresas listadas na Bovespa (que, somadas, valem 446 bilhões). Somente o edifício Empire State, em Nova York, vale quase três vezes mais do que a construtora Cyrela, a maior do Brasil. Apenas no último trimestre de 2015, a Apple lucrou o equivalente a uma Petrobras inteira. E a metade das empresas brasileiras avaliadas pela agência de classificação de risco Fitch está com avaliação ou perspectiva negativa. O Brasil não será um grande país se suas empresas não forem grandes e disputarem o mercado global. Porque empresa é emprego, emprego é dignidade, e dignidade é condição número 1 de um grande país.
Poderíamos começar a mudança acabando com o incentivo para que nossas empresas continuem pequenas. Depois que o faturamento ultrapassa os R$ 3,6 milhões, a tributação fica mais complicada e os impostos, mais caros. É um sistema que desestimula o crescimento. Além disso, é preciso abrir a economia, facilitar concessões e, claro, investir em educação de qualidade. Sem avançar na produtividade, o Brasil não vai superar o subdesenvolvimento e melhorar as condições de vida de quem mais precisa. Se há coisas que só um Estado forte pode fazer, uma delas é deixar o ambiente mais favorável para quem quer empreender e empregar.