Pode ser papo de jornalista, e eu sou a mais suspeita para falar, mas dizem que redações de jornal têm uma mística. Em todo o mundo, se parecem: mesas bagunçadas de papéis, livros e jornais, grupos falando alto, TVs permanentemente ligadas, muito café, uma saudável mistura de estresse, informalidade, seriedade e diversão, mais café, gente muito concentrada olhando para a tela do computador, totalmente alheia ao caos em volta. Em um canto, alguém entrevista uma fonte. Em outro, dois colunistas estão gravando um vídeo. Em um terceiro, repórteres e editores parecem numa briga de vida ou morte: estão só discutindo o enfoque de uma pauta.
Carlos Wagner, repórter de ZH durante mais de 30 anos, uma das pessoas mais apaixonadas por jornalismo que conheço e um dos mais premiados jornalistas do Brasil, costuma chamar a Redação de ZH de "solo sagrado", mas aí já é um exagero. O fato é que redações atraem visitantes (muitos!) e provocam reações nas pessoas. De admiração a perplexidade, de temor a incredulidade, de tietagem aos colunistas a (e aqui vem o paradoxo) desmistificação: que mística, que nada. Somos bem comuns, trabalhamos duro e temos nossos problemas, como todos os outros trabalhadores do planeta. E nos divertimos muito. Com a ajuda das notícias, cada dia é diferente do outro. "De tédio não morreremos", costuma-se ouvir alguém gritar no meio da correria.
Mas, sim, todos os dias recebemos visitas. E é uma honra! Vem aqui todo tipo de estudantes: da pré-escola à pós-graduação. Delegações de outros jornais, inclusive de outros países. Fontes, obviamente, que vêm dar entrevistas. Outras empresas. Gente que quer conhecer a Redação. Visitas institucionais, dos mais diversos tipos. Artistas. Jogadores de futebol. Políticos. Empresários. E, agora, uma novidade: grupos musicais. Nossa editora Lúcia Pires, que organiza essas visitas, inventou o Projeto Música na Redação. A cada duas semanas, um grupo musical vem tocar no meio da tarde. Que delícia, música ao vivo no ambiente de trabalho!
Sempre rende conteúdo: os grupos estão ligados a uma pauta (vão fazer um show, estão lançando um CD etc.) O caos vira silêncio, os batimentos cardíacos se reduzem, todo mundo respira. Já vieram aqui Pedrinho Figueiredo e o seu chorinho, o Quinteto Porto Alegre e a percussão da Orquestra Villa-Lobos. Estão programados Frank Solari e Daniel Sá, Grupo Vocal Upa! e um concerto de Natal.
Fica a dica: coloquem música no seu ambiente de trabalho. E vejam, na foto abaixo, que lindo o momento em que se encontraram, aqui na nossa balbúrdia, os meninos e as meninas da escola Mundo Educação Infantil com os jovens do projeto social Villa-Lobos.
TODOS NA PRAÇA!
A Feira do Livro de Porto Alegre voltou à Praça da Alfândega na sexta-feira um pouco menor do que nos anos anteriores, mas o carinho e o orgulho da cidade em relação ao seu evento cultural mais importante e tradicional continuam enormes. A cobertura que estreia nesta Superedição começou a ser planejada semanas atrás pela equipe do 2º Caderno, que deslocou boa parte dos seus editores e repórteres para ficarem dedicados ao assunto – o site especial que reúne todo o conteúdo da Feira do Livro produzido até aqui já está no ar. Na Redação, não apenas cobrimos a Feira, torcemos por ela. Acreditamos que ZH deve ser um agente ativo na vida cultural do Estado, promovendo autores locais e suas obras, abrindo espaço para o debate e divulgando iniciativas. Para ficar ainda mais perto dos leitores, neste ano estamos levando à Praça da Alfândega alguns dos nossos colaboradores e jornalistas, reunidos no evento Encontros com os Colunistas – que começa no dia 5, às 14h, com um bate-papo entre a patrona Cíntia Moscovich e o escritor Pedro Gonzaga, ambos colunistas do 2º Caderno.