Por Julcemar Zilli, economista e professor universitário
A felicidade é evidente em meus olhos desde o dia em que fui convidado para participar deste espaço que irá destacar as informações da região norte do Rio Grande do Sul de forma inovadora. Neste espaço, trarei informações econômicas de forma clara, crítica, ética e simples. Para começar, trataremos das perspectivas de inflação e os desdobramentos que devemos observar nos próximos meses.
Dados sugerem que a projeção de inflação para 2023 está se afastando da meta, de 3,5%. Há quatro semanas, a projeção da inflação já estava na faixa de 5,74%. A divulgação de 27 de fevereiro de 2023 elevou ainda mais a perspectiva, para 5,90% - movida principalmente pelos debates políticos no âmbito fiscal e possível reoneração nos preços dos combustíveis. O conflito econômico entre aumentar os gastos por meio de ações que venham a beneficiar a distribuição de renda e manter as contas públicas em ordem tem deixado o mercado em alerta.
Por um lado, o interesse em melhorar a distribuição de renda. Por outro, espera-se que os gestores públicos não comprometam o orçamento criando déficit que tenha de ser financiado com emissão de títulos ou aumento de impostos.
Da mesma forma, se o preço do combustível subir, pela reoneração do ICMS, deveremos verificar elevação nos custos de produção. Claro que o aumento, na faixa de R$ 0,70, deve ser repassado aos preços dos bens e serviços finais, levando a preços médios para patamares mais altos - inflação. Renda maior diante de maiores níveis de inflação faz com que o poder aquisitivo seja afetado, e pouco efeito será observado no dia a dia das pessoas, principalmente, nos trabalhadores assalariados.
As perspectivas das últimas semanas pressionam a manutenção dos juros nos patamares atuais (13,75% ao ano) para evitar descontrole de preços. Nesses níveis, a economia continuará contraída, sem sinal de queda de juros em 2023. O resultado será o mesmo nível de atividade econômica de 2022, principalmente, devido aos baixos investimentos na economia. O país e a região de Fundo Passo terão, portanto, que encontrar outras alternativas para aumentar a produção e a renda para escapar ou mitigar os efeitos do paradoxo atual.