Quando se fala em adoção de animais, geralmente pensamos em cachorros e gatos, que podem ser criados em ambientes domésticos e de pequeno porte. Com a maior parte deles, inclusive, se cria um laço tão grande que o pet começa a fazer, literalmente, parte da família.
No entanto, em Porto Alegre e região, há também a possibilidade de adoção de cavalos. Desde 2010, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) faz um trabalho de recolhimento de cavalos abandonados, soltos e vítimas de maus tratos em Porto Alegre, para depois encaminhá-los a um novo lar.
Em 6 anos de projeto, 2,8 mil cavalos foram retirados das ruas pela equipe responsável pelo serviço. Os animais são levados para um haras, que fica na Rua Antônio Barata, no Bairro Lami, extremo sul da Capital. Lá, eles são tratados, inspecionados, medicados e recebem uma espécie de aposentadoria.
"Basicamente, é dar uma aposentadoria a esses cavalos. O programa de adoção consiste na premissa de que esse cavalo jamais seja colocado em trabalho forçado, atrelado a uma carroça, uma charrete ou arado. Tem que ser única e exclusivamente para uso doméstico, para montaria ou para o campo”, explica o responsável pelo abrigo da EPTC, Tiago Oliveira.
Quem se interessa em adotar um cavalo, preenche um formulário e passa por uma avaliação prévia, incluindo também uma vistoria do local onde o cavalo irá ficar. Após a adoção, equipes da EPTC e da Secretaria Especial de Direitos dos Animais (Seda) retornam ao local a cada seis meses para verificar se o animal está sendo bem cuidado.
Durante seis anos de projeto, apenas dois cavalos foram retirados do local onde estavam após a adoção por estarem na mesma situação anterior de maus tratos e abandono. Neste momento, em torno de 50 a 60 cavalos estão disponíveis para adoção no abrigo.
"A gente também explica que [adotar um cavalo] não é igual a adotar um cachorro, um gato, um animal de pequeno porte. Mas esse pessoal do meio que tem sítios, em Porto Alegre e arredores, gosta e tem uma procura grande. Não como a adoção de cachorros e gatos, mas hoje nós trabalhamos com um fluxo suficiente de entrada e saída”, conta Tiago.
Adoção de pets
Em Porto Alegre e em outras cidades gaúchas, diversas organizações não-governamentais fazem trabalhos de recolhimento de cães e gatos destinados à adoção. Uma delas é o Patas Dadas, que atua desde 2009 no Bairro Agronomia, na Zona Leste da Capital.
A ONG foi criada por um grupo de amigos após 10 cães serem assassinados na região. Eles decidiram montar um canil improvisado e começar a resgatar e cuidar de cães abandonados. Desde então, mais de 700 animais já passaram pelo canil do Patas Dadas, e em torno de 500 conseguiram um novo lar.
O projeto é mantido por 120 voluntários, que atuam direta e indiretamente na ajuda aos animais. A relações públicas Bia Pitrofski é uma delas. Ela conta que há diversas formas de ajudar o projeto, desde ir até o canil alimentar e cuidar dos cães, ajudar com o transporte dos animais para veterinários e até ser padrinho de um deles.
“Para ajudar, existem várias maneiras, principalmente o apadrinhamento, onde cada cão tem um padrinho específico, que paga um valor por mês para manter aquele animal, de acordo com o porte do cachorro. Existem várias maneiras de se voluntariar, que demandam mais ou menos tempo, então qualquer pessoa pode ser voluntária, desde que tenha um pouco de vontade e tempo para dedicar”, explica.
Por ser totalmente independente, o Patas Dadas se mantém através da ajuda e do auxílio financeiro dos voluntários e de quem deseja colaborar com o projeto. Feiras de adoção, brechós e outros eventos também são realizados, com a venda de produtos da marca para arrecadar dinheiro para fazer a manutenção dos pets. E mais do que uma caridade, ter a possibilidade de ajudar os animais é um aprendizado diário, segundo a voluntária.
“O Patas Dadas muda as nossas vidas mais do que a gente muda a vida dos cães. A gente sempre busca também pregar a prática da adoção responsável, a prática da castração, busca conscientizar as pessoas. E, claro, que quase todos os voluntários acabam adotando um dos cachorros, é impossível não se apegar a eles. Eu tenho uma que foi adotada do projeto também e que mudou completamente minha vida”, conta Bia.