O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai solicitar abertura de investigação para apurar o vazamento do conteúdo da delação premiada do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Nomes de 51 políticos, de 11 partidos, são citados no documento - entre eles, está o do presidente Michel Temer.
Em nota, Janot afirma que o vazamento, além de ilegal, atrapalha os “trabalhos sérios que são desenvolvidos” pelo Ministério Público Federal (MPF). O texto enfatiza que todo documento de colaboração, para ter validade jurídica, precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Delações da Odebrecht
A Odebrecht fechou acordo de leniência no começo do mês, e 77 ex-executivos assinaram acordos de delação premiada. Um deles é o de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empresa.
Segundo informações divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na última sexta-feira, Melo Filho aponta Temer, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, como os principais articuladores em favor dos interesses da empreiteira na Câmara dos Deputados.
Segundo a reportagem do telejornal, Temer agia "de maneira mais indireta" neste tipo de articulação para pedir apoio financeiro para o partido, e a única vez que o presidente teria pedido pessoalmente dinheiro para financiamento de campanhas foi em 2014, em um jantar com a presença de Marcelo Odebrecht. Na data, Temer teria pedido o valor de R$ 10 milhões — R$ 6 milhões seriam para a campanha do candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, e R$ 4 milhões para Eliseu Padilha.