O Rio Grande do Sul tem 530 mil desempregados. Quase 200 mil deles, somente na região metropolitana de Porto Alegre. Em dois anos, é um aumento superior a 80%. A recessão atinge, de alguma forma, todas as classes sociais. E para quem precisa sustentar uma família, não tem como ficar esperando uma oportunidade bater à porta. Para seguir vivendo e pagando as contas, é preciso malabarismo e criatividade.
O Lucas de Almeida Rodrigues, de 29 anos, perdeu o emprego no mesmo período em que descobriu que seria pai pela primeira vez. Ele era supervisor de telemarketing e recebia cerca de R$1,5 mil por mês. A esposa segurou as pontas enquanto ele procurava emprego. Foram cerca de 500 currículos entregues para as mais variadas vagas e nenhuma proposta. Há pouco mais de quatro meses, ele foi convidado a vender cosméticos porta-a-porta e o jogo começou a virar. Em 30 dias de vendas, já conseguiu uma receita seis vezes maior que o salário que recebia no último emprego. “Eu sou um cara que nunca desiste. Eu falei que uma hora as coisas teriam que dar certo para mim. Foi então que um amigo apresentou um projeto. Minha esposa não me apoiou no início, por se tratar de vendas. Mesmo assim, por ser cabeça-dura, disse que daria certo e está dando muito certo. Aí que a gente conseguiu virar a chave”, comemora Rodrigues.
O Daniel Boazan perdeu o emprego em 2013. O dinheiro da rescisão usou para abrir o próprio negócio. Criou uma boutique de bebidas. Apesar de já ter experiência no ramo, ele procurou ajuda de especialistas para não arriscar perder o pouco que tinha. “pra quem foi demitido e tem vontade de abrir um negócio próprio, esse é o momento de se informar das possibilidades, momento de ter calma e não se afobar. Quem trabalha de carteira assinada tem certa tranquilidade – salário garantido e benefícios. No momento em que opta por ter o próprio negócio, é outro mundo. Não existe mais zona de conforto. Tem que correr atrás todos dos dias”, pondera o empresário.
Para se recolocar num mercado escasso de vagas, é necessário abrir o horizonte, conforme a vice-presidente de expansão da ABRH-RS (Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional do Rio Grande do Sul), Simone Kramer: “A gente tem que ser mais flexível ao buscar oportunidades. Mas as pessoas não fazem isto porque são rígidas, mas porque não se sentem confortáveis para buscar vagas em áreas que não têm experiência registrada em carteira. Por exemplo: uma dona de casa criou três filhos. Ela sempre trabalhou como comerciária. Falar que ela pode trabalhar em creche, parece absurdo. Mas ela tem experiência com crianças e gosta de trabalhar com elas”.
A especialista destaca ainda que as oportunidades estão em todos os lugares, por isso é necessário expandir as buscas. Grupos de Whatsapp, Facebook, conversas entre amigos, participação em palestras e eventos gratuitos... tudo é oportunidade na busca por uma colocação. Realizar cursos também é importante e há muitas opções gratuitas na internet.
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