O Ministério Público de Três Passos apresentou os detalhes da denúncia contra os suspeitos pela morte do menino Bernardo Boldrini. O órgão confirmou a denúncia contra quatro pessoas: o pai, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugolini, a assistente social, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão dela, Evandro Wirganovicz.
O pai, a madastra e a assistente social responderão por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima). Os quatro, incluindo Evandro, foram denunciados por ocultação de cadáver. Leandro Boldrini foi denunciado, ainda, por falsidade ideológica.
A promotora Dinamárcia Maciel Oliveira justificou a denúncia contra Evandro, que não havia sido indiciado pela Polícia Civil, pelo fato de "não haver nenhuma dúvida" do envolvimento dele na ocultação do cadáver.
"O veículo de Evandro foi visto no dia 2 de abril muito perto do local da cova, em torno de 50 metros. Foi avistado por mais de uma pessoa, que estranharam o fato e anotaram a placa. Logo após o desaparecimento de Bernardo, ele quitou dívidas no comércio", afirmou ao justificar a denúncia.
Dinamárcia Maciel Oliveira também afirmou que o médico Leandro Boldrini foi o "patrocinador da morte do filho". "Ele é o mentor intelectual do crime, ele tinha o domínio do fato, a decisão da morte do filho foi dele, a prova existe", afirmou. Sobre Graciele, ela disse que a madrasta foi parceira do marido na execução do crime.
A entrevista coletiva ocorreu no auditório da Unijuí e foi conduzida pela promotora Dinamárcia Maciel Oliveira e pelo sub-procurador do MP, Marcelo Dornelles.
Ao fazer a abertura da reunião, o sub-procurador adiantou a denúncia contra mais uma pessoa, além do pai, da mastrata e da assistente social indiciados pela Polícia Civil. Dornelles citou ainda a teoria do domínio do fato no processo do mensalão, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para justificar a denúncia contra os suspeitos: "O somatório dos indícios contrói provas", afirmou.
Falsidade ideológica
No dia 6 de abril, Leandro Boldrini registrou uma ocorrência sobre o desaparecimento de seu filho, Bernardo. O Ministério Público, acredita que isso fosse parte do álibi criado pelo pai do menino. Na ocasião, Leandro comunicou que não sabia onde Bernardo estava. Mas, nesse momento, o menino já estava morto.
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Caso Bernardo
Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.
De acordo com o pai, o garoto havia retornado com a madrasta de uma viagem a Frederico Westphalen, no dia 4 de abril, onde iriam comprar uma televisão. Bernardo teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Ele deveria voltar no final da tarde do dia 6, o que não ocorreu. No mesmo dia, o pai ligou para a rádio Farroupilha, pedindo ajuda para encontrar Bernardo, a quem se referiu como "esse menino".
Após dez dias de investigações, foram presos o pai, a madrasta e uma amiga dela, a assistente social Edelvânia Wirganovicz, que confessou à polícia ter participado do crime. A suspeita é de que o menino tenha sido morto com uma injeção letal.
No dia 10 de maio foi preso o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz. Segundo testemunhas, ele foi visto nas proximidades do local onde o corpo foi encontrado. A suspeita da polícia é de que ele tenha ajudado a abrir a cova.
Fora Evandro, que segue sendo investigado, a Polícia Civil indiciou os outros três presos - pai, madrasta e a assistente social - por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O inquérito, de 2 mil páginas, foi entregue à Justiça no dia 13 de maio. No mesmo dia, foi decretada a prisão preventiva dos três. Ministério Público de Três Passos denunciou Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz por envolvimento no assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos. O pai, a madrasta e a assistente social responderão por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima). Os quatro foram denunciados por ocultação de cadáver. Leandro Boldrini foi denunciado, ainda, por falsidade ideológica.