A Câmara dos Deputados do Chile aprovou, nesta quarta-feira (9), a abertura de um processo de impeachment contra dois juízes da Suprema Corte, Ángela Vivanco e Sergio Muñoz, acusados de corrupção e vazamento de informação confidencial.
Por 97 votos a favor, 25 contrários e 20 abstenções, os deputados aprovaram a moção de censura apresentada por legisladores da direita, que agora passará a ser discutida no Senado na próxima terça-feira.
Os dois juízes foram suspensos temporariamente de seus cargos. Se for aprovado o impeachment, ambos serão removidos do Poder Judiciário e ficarão impedidos de exercer cargos públicos por cinco anos.
A juíza Vivanco enfrenta acusações por seus vínculos com o polêmico advogado Luis Hermosilla, que está preso desde 27 de agosto, acusado de suborno e lavagem de dinheiro, e é o protagonista de um escândalo que abala a elite política, judicial e econômica chilena há 10 meses.
Hermosilla, um dos criminalistas mais famosos do país, ficou exposto após a divulgação de um áudio no qual insta a subornar funcionários públicos para favorecer um de seus clientes.
Após a divulgação do áudio, a polícia apreendeu seu telefone e vieram à tona suas conversas privadas, entre elas com Vivanco, que lhe pediu ajuda para ser nomeada ao Supremo e lhe entregou informação sobre vários casos.
Segundo a acusação, essas comunicações "constituem uma violação grave e séria dos princípios de independência, imparcialidade, integridade e transparência que regem o Poder Judiciário".
Em paralelo, Vivanco enfrenta outro pedido de destituição por parte do plenário da Suprema Corte.
Por sua vez, Sergio Muñoz, considerado próximo da esquerda, é acusado por fatos que não têm relação com o chamado "caso Hermosilla". Em uma decisão questionada pela situação, os dois casos foram juntados e se forçou uma única votação.
Muñoz é acusado de beneficiar sua filha, também juíza, ao lhe repassar informação privilegiada em um negócio imobiliário.
Um terceiro juiz do Supremo, Jean Pierre Matus, enfrenta outro processo por seus vínculos com Hermosilla.
A última vez que um juiz da Suprema Corte foi removido no Chile ocorreu em 2001.
* AFP