Caminhões-pipa e ambulâncias dos bombeiros da cidade de Durán, na costa sudoeste do Equador, foram usados para transportar drogas, informou a Polícia nesta quarta-feira (14), após uma operação que resultou na prisão de cerca de 20 pessoas, inclusive policiais.
A Polícia revistou escritórios dos bombeiros, gabinetes do município de Durán e celas de uma prisão na vizinha Guayaquil, de onde um preso, identificado com o pseudônimo "Negro Tulio", "recrutava funcionários públicos" para as máfias, informou a Polícia na rede social X.
"Os veículos destas instituições públicas, sobretudo do Corpo de Bombeiros, estavam sendo usados para a questão do transporte de drogas, particularmente a questão dos caminhões-cisterna, das ambulâncias", disse à imprensa o general Freddy Sarzosa, diretor-geral de Investigações da Polícia.
Ele acrescentou que um dos carros chegou a ser usado em uma tentativa de homicídio em Durán, a 10 km do porto de Guayaquil e usada como centro de coleta e distribuição de drogas.
"Negro Tulio" foi identificado como membro da gangue Chone Killers, que está entre as principais organizações criminosas que operam no Equador e está entre as cerca de 20 quadrilhas de narcotraficantes que disputam as rotas de drogas e sangram o país com números recordes de violência.
Nesta quarta-feira, a operação da força pública terminou com 23 detidos, que "estão relacionados com vários crimes associados, como tráfico de drogas, o microtráfico, a questão do enriquecimento ilícito, o uso de laranjas, a extorsão, o tráfico de influências e os crimes contra a vida", disse Sarzosa.
O prefeito de Durán, Luis Chonillo, escreveu no X que seu governo "fornecerá à polícia e ao Ministério Público todas as facilidades que estiverem ao seu alcance para as investigações em curso".
Desde agosto, as forças policiais e militares concentraram sua ofensiva em Durán, onde grupos criminosos também lucram com extorsões e sequestros. Em 2023, essa cidade registrou cerca de 450 homicídios, o que a colocou como a segunda com mais mortes violentas no Equador, depois de Guayaquil (com 2.320).
Em 27 de julho passado, dois bombeiros foram assassinados em um quartel de Durán, e em março, outros dois foram detidos como supostos autores de um ataque contra policiais.
As disputas pelo poder entre quadrilhas de narcotraficantes resultaram em altos índices de criminalidade no país, de 17 milhões de habitantes.
A taxa de homicídios passou de 6 por 100.000 habitantes em 2018 para o recorde de 47 por 100.000 em 2023.
* AFP