Os rebeldes iemenitas ameaçaram Israel neste domingo (21) com uma "resposta maciça" aos seus bombardeios no porto de Hodeida, que continua em chamas, em uma nova escalada regional derivada do conflito na Faixa de Gaza.
A guerra entre Israel e Hamas em Gaza, desencadeada por um ataque do grupo islamista palestino no território do sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, alimentou tensões no Oriente Médio e receios de que pudesse conduzir a um conflito regional.
Na fronteira com o Líbano, os duelos de artilharia são quase diários entre o Hezbollah, um movimento xiita relacionado com o Irã, e o Exército israelense. No Iêmen, os rebeldes huthis, que controlam parcialmente o país, têm lançado ataques contra navios vinculados a Israel no Mar Vermelho há meses, em solidariedade com os palestinos em Gaza.
Um dia depois de os huthis lançarem um ataque mortal com drones em Tel Aviv, a Força Aérea israelense bombardeou no sábado o porto de Hodeida, controlado pelos insurgentes, no oeste do Iêmen. O bombardeio deixou, segundo os huthis, seis mortos e dezenas de feridos.
Segundo o Exército israelense, a zona portuária atacada era usada para o "fornecimento de armas iranianas do Irã ao Iêmen", como "o drone utilizado" contra Tel Aviv.
Neste domingo, os bombeiros ainda tentam apagar o enorme incêndio provocado pelos ataques israelenses no porto, por onde chegam combustível e ajuda humanitária ao país, em guerra desde 2014.
Os insurgentes reiteraram as suas ameaças contra Israel.
"A resposta à agressão israelense contra o nosso país é inevitável e será enorme", alertou Yahya Saree, porta-voz militar dos insurgentes. O chefe dos rebeldes, Abdul Malik al Huthi, declarou que os bombardeios levariam a "novos ataques contra Israel".
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, alertou que o Exército agiria novamente contra os huthis se eles "ousassem atacar" Israel outra vez.
- Míssil interceptado -
Após o bombardeio do porto, o primeiro reivindicado por Israel no Iêmen, o Exército israelense anunciou que havia interceptado um míssil disparado do Iêmen em direção à cidade de Eilat, nas margens do Mar Vermelho.
Yahya Saree confirmou o lançamento de mísseis contra essa cidade.
O governo iemenita, reconhecido pela comunidade internacional e que, desde 2014, combate os houthis com a ajuda da Arábia Saudita, condenou os bombardeios de Israel.
No entanto, também alertou os rebeldes que eles não deveriam arrastar o país para "batalhas absurdas que servem aos interesses do regime iraniano e do seu projeto expansionista".
O Ministério das Relações Exteriores iraniano condenou "os ataques do regime sionista" no Iêmen e afirmou que considera Israel e os seus aliados, incluindo os Estados Unidos, "responsáveis pelas perigosas consequências da continuação dos crimes em Gaza e dos ataques contra o Iêmen".
A Chancelaria saudita também reagiu, instando "todas as partes a exercerem moderação máxima" e considerou que o bombardeio israelense "agrava a atual tensão na região e prejudica os esforços para acabar com a guerra em Gaza".
- Frentes em Gaza e no Líbano -
A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando comandos islamistas do Hamas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.
O Exército israelense estima que 116 pessoas permanecem cativas em Gaza, das quais 42 teriam morrido.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou 38.983 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas, considerado um grupo "terrorista" por Israel, Estados Unidos e UE.
Neste domingo, as forças israelenses realizaram uma grande operação em Rafah, no sul do território, com intensos bombardeios e combates contra o Hamas.
Na frente libanesa, o Exército israelense bombardeou dois depósitos de "armazenamento de armas do Hezbollah" no sul do Líbano, país que faz fronteira com Israel ao norte. Esses bombardeios levaram a uma resposta do movimento xiita libanês, que disparou foguetes contra o norte de Israel.
- Netanyahu em Washington -
Após nove meses de guerra, a situação humanitária e sanitária na Faixa de Gaza é catastrófica.
O Exército israelense anunciou neste domingo que vacinará seus soldados destacados no território palestino contra a poliomielite, depois que o vírus foi detectado em várias amostras de águas residuais.
A nível diplomático, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursará perante o Congresso dos Estados Unidos na quarta-feira e se reunirá com o presidente Joe Biden na terça-feira em Washington.
O chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado Antony Blinken, estimou na sexta-feira que as negociações sobre um cessar-fogo se aproximavam da "linha de chegada".
* AFP