O presidente do Equador, Daniel Noboa, denunciou, nesta sexta-feira (24), uma tentativa de golpe de Estado em janeiro passado, durante a onda de violência promovida pelo narcotráfico, que deixou cerca de 20 mortos e levou à declaração de estado de conflito armado interno para neutralizar grupos "terroristas."
"Hoje, depois de diversas informações e de ter desmaterializado alguns dispositivos, vemos inclusive que houve até uma tentativa de golpe de Estado", disse o jovem presidente, que se autoproclama de centro-esquerda, ao apresentar ao Congresso um relatório de gestão nos termos estabelecidos pela Constituição.
"Como equatorianos, experimentamos a extensão do horror que o terrorismo causou em nosso país", acrescentou Noboa, que seis meses depois de assumir o poder desfruta de alta popularidade (60%) graças à luta contra o crime organizado.
A fuga de um líder criminoso de uma prisão desencadeou em janeiro um intenso ataque de gangues ligadas à máfia albanesa e a cartéis do México e da Colômbia, com violentos motins de detentos, ataques à imprensa, explosões de carros-bomba, o sequestro de cerca de 200 agentes penitenciários e policiais, além de cerca de 20 mortos.
Noboa decretou, então, estado de exceção para mobilizar os militares, medida que durou os 90 dias permitidos por lei.
Além disso, declarou o país em conflito armado interno que, segundo a Corte Constitucional equatoriana, pode ser prolongado indefinidamente.
Sob esta condição, Noboa ordenou às Forças Armadas que neutralizassem cerca de vinte organizações criminosas, as quais chamou de "terroristas" e "beligerantes", e que são acusadas de se infiltrarem em todas as esferas estatais, a exemplo da justiça.
O chefe de Estado destacou que as máfias "têm cúmplices e aliados em todos os níveis do país (...) estão por todos os lados".
"Hoje com passo firme, o Estado está sendo limpo, com passo firme os cabeças estão caindo, com passo firme os grupos narcoterroristas estão se desintegrando, com passo firme são eles (os criminosos) que têm medo de sair e não mais nós", disse Noboa, eleito em um pleito antecipado em outubro de 2023 para um mandato de 18 meses.
* AFP