O governo de Israel disse nesta sexta-feira (27) que suas forças terrestres estão expandindo ataques na Faixa de Gaza, à medida que se aproxima de uma invasão terrestre do território dominado pelo grupo terrorista Hamas. A internet do território foi cortada, deixando a população sem comunicação com o exterior.
O exército de Israel está realizando ataques em Gaza em razão do atentando ocorrido no dia 7, no qual militantes do Hamas entraram no país, destruíram comunidades, mataram cerca de 1,4 mil pessoas e sequestraram mais de 200.
O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do exército, disse que os bombardeios miram túneis do Hamas, onde armas são escondidas, e outros alvos.
— Além dos ataques que realizamos nos últimos dias, as forças terrestres estão expandindo sua atividade esta noite. As IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês) estão agindo com grande energia para alcançar os objetivos da guerra — afirmou.
O objetivo de Israel é exterminar o Hamas. Centenas de milhares de soldados israelenses se concentram na fronteira com Gaza à espera da ordem para iniciar a ofensiva terrestre. Ao menos duas incursões terrestres com tanques aconteceram nos arredores da Cidade de Gaza nos últimos dias.
A invasão terrestre dará início a uma nova fase na guerra, afirmam as autoridades. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu a etapa terrestre como "cansativa e aberta" devido às características de combates urbanos.
Segundo Gallant, Israel tem atuado para destruir a rede de túneis do Hamas, que oferece vantagem para os terroristas no campo de batalha. Ele também afirmou que espera uma fase de combates de baixa intensidade enquanto Israel destrói "bolsões de resistência".
Os bombardeios de Israel em Gaza em retaliação ao dia 7 de outubro causaram 7,3 mil mortes de civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, comandado pelo braço político do Hamas. Ante o questionamento sobre os números, a autoridade divulgou na quinta-feira (26) lista detalhada de nomes e identificação dos mortos que incluem mais de 3 mil crianças e 1,5 mil mulheres.
O número total de mortes excede a soma de todas as vítimas fatais das quatro guerras anteriores entre Israel e o Hamas, estimado em cerca de 4 mil. Estima-se que uma invasão terrestre cause baixas ainda maiores em ambos os lados, enquanto as forças israelenses e o Hamas lutam entre si em áreas residenciais densas.
Comunicação em Gaza foi perdida
Explosões na noite desta sexta-feira (horário local) iluminaram o céu sobre a Cidade de Gaza, enquanto o apagão de comunicações cortou a maior parte do contato com o mundo exterior e dentro do território.
A Companhia de Telecomunicações da Palestina (Paltel) anunciou "interrupção completa de todos os serviços de comunicação e internet" devido aos bombardeios. A rede humanitária Crescente Vermelho disse que todas as comunicações de telefone fixo, celular e internet foram cortadas e que a organização perdeu o contato com sua sala de operações e equipes médicas.
A instituição disse temer que as pessoas não consigam mais entrar em contato com os serviços de ambulância. As tentativas da agência de notícias Associated Press de chegar às pessoas em Gaza não foram bem-sucedidas.
Os hospitais de Gaza procuram diesel para operar geradores de emergência que alimentam incubadoras e outros equipamentos que salvam vidas depois de um bloqueio de Israel a todas as entregas de combustível. Apesar dos apelos de organizações para que o combustível entre no território, Israel afirma que o Hamas pode utilizá-lo para outros fins.
O exército israelense divulgou fotos mostrando o que afirma serem instalações do Hamas dentro e ao redor do maior hospital de Gaza, o al-Shifa. Israel já fez essas afirmações antes e se recusa a explicar a origem das imagens.
Pouco se sabe sobre os túneis e outras infraestruturas do Hamas, e as afirmações dos militares não puderam ser verificadas de forma independente. Falando no Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, o chefe de mídia do Hamas, Salama Moussa, chamou as alegações de Israel de "mentiras" e disse que seriam justificativa "para atacar esta instalação".
A ONU informou que o hospital está sobrecarregado por milhares de pacientes e feridos, e cerca de 40 mil moradores deslocados de Gaza se aglomeraram dentro e ao redor de seus terrenos para se abrigar na esperança do local não ser bombardeado. Bombardeios a áreas civis e de ajuda humanitária são considerados crimes de guerra.