Israel anunciou, nesta segunda-feira (16), uma ordem de saída de habitantes de localidades na região da fronteira norte do país com o Líbano. Em um comunicado conjunto (veja abaixo), o Ministério da Defesa e o exército israelense anunciaram "a marcha de um plano para evacuar os habitantes do norte de Israel, que vivem a menos de dois quilômetros da fronteira libanesa, a alojamentos financiados pelo Estado".
A tensão cresceu no sul do Líbano, fronteira com Israel. Foi o dia de maior violência entre a facção libanesa Hezbollah e os israelenses. Um ataque do grupo libanês matou uma pessoa na cidade israelense de Shtula. Mísseis antitanque e foguetes foram lançados ao longo do dia, e no começo da noite, caças de Israel bombardearam posições do grupo no sul libanês, enquanto soldados de ambos os lados trocavam fogo.
Os EUA expressaram preocupação com um possível envolvimento direto de Teerã, que apoia o Hamas e o Hezbollah. Os americanos enviaram mais armas para Israel e um segundo porta-aviões para a região. Espera-se que o segundo porta-aviões, o Dwight Eisenhower, chegue nos próximos dias. A Força Aérea também está enviando aviões de ataque terrestres adicionais para a região do Golfo Pérsico.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou em um vídeo que seu país não tem interesse em um novo conflito com o Hezbollah, mas que o grupo precisava estar atento às consequências.
O principal patrocinador do Hezbollah e um dos maiores aliados do Hamas na região, o Irã fez ameaças.
— Se a agressão sionista não parar, as mãos de todos os envolvidos estão no gatilho — afirmou o chanceler do Irã, Hossein Amirabdollahian, segundo a imprensa estatal iraniana, em referência à retaliação do Estado judeu contra Gaza, dominada pelo Hamas desde 2007.
Depois, à rede de televisão Al-Jazeera, o chanceler iraniano disse que seu país não pode ser só um observador.
— Se o escopo da guerra se expandir, danos significativos serão infligidos aos EUA — disse.
A escalada deste domingo vem um dia após o chanceler iraniano encontrar-se com o líder político do Hamas, Ismail Haniye, no Catar. Ele também se reuniu com representantes do Hezbollah e da Jihad Islâmica, outro grupo anti-Israel que compõe, com a Síria, os aliados que Teerã chama de Eixo da Resistência.
Em resposta, o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan afirmou que os EUA procuraram o Irã por canais informais para alertar o país de que não deveria haver envolvimento na crise de Israel.
Para responder a esta ameaça, o Pentágono está dobrando o poder de fogo americano no Oriente Médio, em um esforço para impedir uma guerra regional mais ampla.
O Pentágono também mandou uma pequena equipe de forças de Operações Especiais a Israel para auxiliar na inteligência e no planejamento de operações para ajudar a localizar e resgatar os reféns que o Hamas mantém em seu poder, incluindo alguns americanos.
Hezbollah
- Anunciam até 100 mil combatentes. Alguns deles, adestrados em várias guerras. Outros, formados para ataques suicidas.
- Lançadores em número incerto, mas arsenal de até 150 mil foguetes e mísseis.
- 75 tanques russos (dois modelos), fornecidos pela Síria.
- Milhares de lança-foguetes portáteis e mísseis antitanques.
- Navios de patrulha e botes infláveis dotados de armamentos pesados, inclusive lançadores de mísseis.
- Submarinos de bolso (pequenos), de fabricação iraniana. Em quantia desconhecida.
O exército israelense anunciou, no sábado, que havia matado "vários terroristas" que tentavam se infiltrar em seu território a partir dessa zona. E o Hamas reivindicou, neste domingo, as infiltrações a partir do Líbano. Pelo menos 10 pessoas morreram até agora no sul libanês. Outras duas morreram em Israel.
Militares israelenses ordenaram, na sexta-feira, que os 1,1 milhão de habitantes do norte da Faixa de Gaza saíssem da região, indo em direção ao sul, diante de uma possível incursão no enclave palestino, em torno do qual estão diversos soldados. Conforme informaram porta-vozes do exército, a tropa espera uma ordem de passagem para cumprir o objetivo de destruir o Hamas, movimento islâmico que governa Gaza desde 2007.
Os bombardeios mataram até agora 2.750 pessoas — entre elas, mais de 700 crianças —, segundo as autoridades palestinas. O ataque do Hamas em 7 de outubro, considerado o mais mortífero contra Israel desde sua criação em 1948, deixou mais de 1,4 mil mortos, em sua maioria civis, de acordo com levantamento do exército israelense.