O governo argentino inaugurou, neste domingo (9), o primeiro trecho do Gasoduto Néstor Kirchner (GNK), para transportar fluidos do campo de petróleo e gás não convencional de Vaca Muerta (sul) até a província de Buenos Aires (centro), por 573 quilômetros.
A inauguração será às 15h00 em cerimônia na usina de gás "Saturno", na cidade de Salliqueló, 520 km a sudoeste de Buenos Aires, para trazer gás de xisto da cidade de Tratayén, no coração de Vaca Muerta, na província de Neuquén (sul).
"Sua construção custou US$ 2,5 bilhões, sem financiamento externo. Este ano vamos economizar US$ 2 bilhões em importações, que chegarão a US$ 4,2 bilhões em 2024", afirma a secretária de Energia, Flavia Royón, no site do governo.
O segundo trecho do GNK, ainda não licitado, medirá 467 km, até a cidade de San Jerónimo, na província de Santa Fé, fronteira com o norte com a província de Buenos Aires.
"Quando tudo estiver pronto teremos autoabastecimento de gás e poderemos exportar um volume considerável para Chile, Brasil e Uruguai", afirma Royon.
A construção do primeiro trecho da obra demorou apenas nove meses, menos do que o previsto, e foram colocadas mais de 47.700 tubos de encanamento.
''Estamos trabalhando no financiamento da segunda etapa do GNK com base em um crédito pré-acordado com a empresa Power China", diz Royón.
- Saia do vermelho comercial -
O balanço comercial energético do país em 2022 apresentou um saldo negativo de 6,6 bilhões de dólares para as importações de diesel e Gás Natural Liquefeito (GNL).
"Nossa balança energética passará de negativa a equilibrada e depois passará a positiva", afirma Royón.
Um terço do gás vai para o consumo residencial, outro terço para a indústria e o restante para as usinas elétricas.
A produção de gás não convencional em maio de 2023 atingiu 57,3 bilhões de metros cúbicos, com um aumento de 10,7% em relação ao ano anterior, segundo dados do governo.
A produção de petróleo não convencional registrou um crescimento homólogo de 26,2%.
O gás de xisto de Vaca Muerta representa 42% do total produzido na Argentina. O petróleo não convencional atinge 46% da soma nacional da atividade.
No momento da nacionalização da petroleira YPF em 2012, as reservas de petróleo bruto e gás natural haviam caído 67% no último ano de concessão à empresa espanhola Repsol.
A jazida, cujos recursos foram confirmados em 2011, possui a segunda maior reserva de gás de xisto do mundo e a quarta maior reserva de petróleo não convencional, segundo o governo, com base em estatísticas da Administração de Informação de Energia (EIA) dos Estados Unidos.
* AFP