A União Europeia (UE) anunciou nesta segunda-feira (20) um pacote de ajuda de um bilhão de euros (em torno de 5,6 bilhões de reais) para ajudar a Turquia. O anúncio ocorreu na abertura de uma conferência de doadores para auxiliar as vítimas do terremoto devastador que atingiu o país e a Síria em fevereiro.
Os tremores deixaram mais de 50 mil mortos e milhões de desabrigados no território turco. Um estudo preliminar da ONU estimou os danos no país em US$ 100 bilhões, (cerca de R$ 527 bilhões), embora o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tenha dito que poderiam chegar a US$ 104 bilhões (aproximadamente R$ 548 bilhões).
A presidente da Comissão Europeia - braço executivo da UE -, Ursula von der Leyen, anunciou ainda um pacote de ajuda humanitária de 108 milhões de euros (cerca de R$ 605 milhões) para a Síria, que também foi fortemente atingida pelos tremores.
— As necessidades dos sobreviventes ainda são enormes e precisam ser atendidas com urgência — afirmou von der Leyen.
O cenário se agravou na semana passada, quando alagamentos atingiram locais ocupados por pessoas desabrigadas e deixaram mais 14 mortos.
"Epicentro do abandono"
O Comitê Internacional de Resgate (IRC, na sigla em inglês) pediu aos doadores que cubram, pelo menos, o pedido da ONU de US$ 1 bilhão (em torno de R$ 5 bilhões) para a Turquia e US$ 397 milhões (aproximadamente R$ 2 bilhões) para a Síria.
De acordo com a entidade, apenas 16% desse valor foi arrecadado até agora.
— Mais de um mês após o terremoto, a situação nas regiões afetadas continua terrível —destacou Tanya Evans, diretora do IRC para a Síria.
— Como muitas casas estão danificadas ou destruídas, muitas pessoas não têm escolha a não ser dormir em abrigos coletivos superlotados e com poucos recursos — acrescentou.
Ainda que equipes de resgate estrangeiras e a ajuda humanitária tenham chegado rapidamente à Turquia, estas organizações enfrentaram grandes obstáculos para acessar as áreas afetadas no norte da Síria.
Investigadores da ONU relatam que a área se tornou o "epicentro do abandono", já que a chegada da ajuda humanitária foi dificultada por facções em guerra e pela hesitação da comunidade internacional.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse que o incidente "exacerbou ainda mais o sofrimento causado pelo conflito em curso na Síria".
— Um país em paz estaria muito melhor preparado para enfrentar este trágico evento e equipado para lidar com suas consequências — complementou.
Diante deste cenário, UE e Estados Unidos decidiram flexibilizar as sanções contra o governo sírio para tentar acelerar as entregas de ajuda. O governo local também abriu duas novas passagens na fronteira.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, por sua vez, tem recebido ofertas de ajuda humanitária de diversos líderes do mundo árabe, em um cenário que analistas consideram como o início de um processo gradual de melhora da política externa do país.