O ciclone Freddy, que está seguindo um caminho pouco comum, matou pelo menos 190 pessoas em Moçambique e Malaui, onde foi declarado estado de catástrofe, informaram as autoridades nesta segunda-feira (13).
"O número de mortos passou de 99 (...) para 190, com 584 feridos e 37 desaparecidos", informa a agência de gestão de desastres do Malaui, em um comunicado. O país é um dos países mais pobres da África.
Em várias regiões do sul do Malaui, as autoridades declararam estado de catástrofe, incluindo a capital econômica Blantyre, anunciou a Presidência. O chefe de Estado, Lazarus Chakwera, "constatou, com grande inquietude, a devastação que o ciclone Freddy está provocando em muitos distritos [...] e declarou o estado de catástrofe" no sul, diz um comunicado.
Freddy se formou em frente ao noroeste da Austrália na primeira semana de fevereiro e poderia se converter no ciclone tropical mais duradouro já registrado, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ciclone atravessou todo o sul do Oceano Índico e atingiu Madagascar em 21 de fevereiro, antes de chegar à Moçambique no dia 24. Até aquele momento, já havia deixado 17 mortos e milhares de desalojados.
Trajetória pouco comum
Após uma trajetória pouco comum em "looping", o ciclone voltou a tocar o solo em Madagascar na semana passada, e retornou a Moçambique no sábado. Ao menos quatro pessoas morreram na província de Zambezia, na área central do país, e muitas outras estão desaparecidas nas áreas afetadas, indicaram as autoridades.
Porém, é provável que o balanço aumente porque as informações chegam a conta-gotas pelos danos que a intensa chuva e o vento forte causaram na rede de telecomunicações.
O Instituto Nacional de Gestão de Desastres de Moçambique (INGD) disse que as consequências desta segunda tempestade eram piores que o esperado.
— O número de pessoas afetadas superou as previsões — declarou a diretora do INGD, Luisa Meque, que acrescentou que o ciclone também atingiu áreas "consideradas seguras".
A cidade portuária de Quelimane, também na região central moçambicana, situada a 40 quilômetros de onde o ciclone tocou terra, ainda está isolada do restante do país. Em algumas áreas já não há mais ruas, água ou eletricidade, contou, por telefone, Guy Taylor, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O ciclone chegou ao Malaui na madrugada de segunda. A maioria dos corpos foi encontrada na região de Blantyrem, segundo a polícia local.
— As operações de resgate continuam, mas se veem dificultadas por chuvas incessantes — declarou a porta-voz, Beatrice Mikuwa.
Várias tempestades ou ciclones atravessam o sudeste do Oceano Índico todos os anos durante a temporada de ciclones, que vai de novembro a abril.