Uma unidade de elite da polícia de Bangladesh pratica extorsão, assédio e detenções arbitrárias de refugiados rohingyas, os quais deveria proteger - denunciou a ONG Human Rights Watch (HRW) nesta terça-feira (17).
O Batalhão de Polícia Armada de Bangladesh (APBn) opera em acampamentos que abrigam cerca de um milhão de membros da minoria apátrida rohingya. A maioria deles fugiu de Mianmar, após a sangrenta repressão por parte do Exército birmanês, investigada pela ONU por genocídio.
Refugiados e trabalhadores humanitários disseram à HRW que a segurança se deteriorou no acampamento de Cox's Bazar desde 2020, depois que a unidade policial assumiu a tarefa de monitoramento.
A organização de direitos humanos informou ter falado com dezenas de refugiados rohingya que vivem neste acampamento superlotado no sudeste do país e disse que documentou pelo menos 16 casos de abusos graves cometidos por agentes do APBn.
O comandante do batalhão, Syed Harunor Rashid, considerou o relatório "duvidoso".
"Os criminosos contam fatos falsos, e a Human Rights Watch os denuncia", disse ele à AFP, acrescentando que a unidade iniciará uma investigação, se "receber denúncias específicas".
À AFP, vários refugiados rohingya disseram que o abuso policial é "endêmico".
As Nações Unidas denunciaram nesta terça-feira o aumento "alarmante" no número de refugiados rohingya que morrem em perigosas viagens marítimas ao tentar fugir de Mianmar ou de Bangladesh.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) "registrou um aumento alarmante no número de mortos. Pelo menos 348 pessoas morreram ou desapareceram no mar em 2022, tornando aquele ano o mais mortal desde 2014", declarou a porta-voz da agência da ONU, Shabia Mantoo, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
* AFP