Quase 65% dos combatentes rebeldes se "desligaram" da frente de batalha na região etíope de Tigré, um mês após um acordo de paz assinado com o governo da Etiópia, anunciou o comandante em chefe da força insurgente.
"Nós iniciamos o desengajamento e realocação de nossas forças das linhas da frente de batalha. Do conjunto de nossas forças, 65% delas já passaram por este processo, com o desengajamento das linhas de batalha e o deslocamento para locais designados", afirmou Tadesse Worede no sábado.
O comandante das forças insurgentes mencionou, no entanto, a presença de "forças na região que não querem a paz e são obstáculos para a paz", uma aparente referência ao exército da Eritreia e às tropas regionais e milícias da região etíope de Amhara, que apoiaram o exército federal da Etiópia no conflito.
Ele disse que a retirada só alcançará 100% após a saída das forças que representam, na sua visão, um obstáculo.
Os rebeldes de Tigré e o governo etíope assinaram em 2 de novembro na África do Sul um acordo de paz para acabar com dois anos de um conflito que devastou o norte da Etiópia.
O acordo prevê o desarmamento das forças rebeldes, a restauração de uma autoridade federal em Tigré e a reabertura dos acessos à região, que enfrenta uma profunda crise humanitária.
O conflito nesta região do norte da Etiópia começou em novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abyi Ahmed mobilizou tropas depois de acusar as autoridades locais da Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF) de atacar acampamentos do exército.
A ofensiva provocou duros golpes em um primeiro momento nos rebeldes, mas os insurgentes retomaram o controle da maior parte do território em 2021 e avançaram até as imediações de Adis Abeba, a capital da Etiópia, passando pelas regiões de Amhara e Afar. Depois eles retornaram para Tigré.
O balanço do conflito, em uma região de acesso difícil, não é conhecido, mas várias organizações o consideram "um dos mais violentos do mundo".
Mais de dois milhões de pessoas foram deslocadas em consequências das hostilidades e centenas de milhares estão à beira da fome, segundo a Organização das Nações Unidas.
* AFP