Joe Biden saiu da capital americana, Washington, D.C., na terça-feira (27), deixando para trás a nevasca que devastou o norte dos Estados Unidos, para aproveitar férias no Caribe. Sob o sol, deverá tomar e anunciar uma decisão muito esperada para 2023: se tentará um segundo mandato na corrida presidencial de 2024.
A rede conservadora Fox News criticou fortemente o presidente, acusando-o de "se preparar para passar um bom momento", enquanto os americanos enfrentam uma tempestade de neve que deixou pelo menos 50 mortos.
Biden viaja para as Ilhas Virgens americanas para descansar, após um ano agitado de 2022.
Os últimos meses podem ter reafirmado a vontade do octogenário de ficar mais quatro anos na Casa Branca.
Na primeira metade de seu mandato, viveu-se o pico e o retorno da pandemia da covid-19, uma retirada humilhante da guerra no Afeganistão, a inflação mais alta em 40 anos e as consequências da tentativa de seu antecessor republicano, Donald Trump, de atingir o sistema democrático americano.
Em 2022, seu partido limitou os danos e até conquistou cadeiras nas eleições de meio de mandato, antes da aprovação, em dezembro, de uma lei que defende o casamento gay. Enquanto isso, os preços da gasolina quase voltaram ao normal depois de uma alta espetacular.
Na cena internacional, a invasão russa da Ucrânia motivou a formação de uma aliança liderada pelos Estados Unidos que ainda se mantém após dez meses. Finalmente, em sua rivalidade com Pequim, Washington renovou seu compromisso com seus aliados asiáticos.
Ao mesmo tempo, os republicanos mostram certa desorganização no Congresso, enquanto se preparam para retomar o controle da Câmara de Representantes (Deputados) em janeiro, e Donald Trump, ainda a figura dominante do partido, enfrenta várias investigações.
Portanto, não é de surpreender que Biden tenha aparecido feliz em uma coluna publicada pelo Yahoo News antes do Natal.
"Ao fazermos um balanço do ano de 2022 - e olharmos para tudo o que está por vir -, nunca estive tão confiante no que o povo americano e a economia americana podem alcançar", escreveu ele.
- A questão da idade -
Nos Estados Unidos, os presidentes em exercício quase sempre voltam a disputar a Casa Branca ao fim de seu primeiro mandato e, em geral, vencem.
Apenas três presidentes que completaram seu primeiro mandato não voltaram a governar por mais quatro anos. Derrotado por Biden em 2020, Trump é um deles.
O discurso muda, no entanto, quando se leva em conta a idade de Biden.
No momento de uma potencial segunda posse, ele teria 82 anos e, ao fim do novo mandato, 86, ou seja, dez anos a mais do que o detentor do recorde anterior da Casa Branca, o republicano Ronald Reagan, que deixou o cargo aos 77 anos.
A questão sobre se a idade importa na Casa Branca é um tema acalorado e polêmico entre os comentaristas políticos. Um debate que costuma ser brutal.
Octogenário, Biden apresenta alguns sinais típicos da velhice: menos cabelo, andar rígido, algumas quedas e frequentes problemas de fala.
Há um ano, porém, o médico da Casa Branca concluiu que estava "apto" para cumprir sua função. Sua nova revisão médica anual deve ser divulgada em breve.
De sua parte, Biden diz desejar que os americanos julguem-no por seus resultados e insiste em que a idade é apenas um número.
"Olhe para mim", costuma dizer.
A decisão de concorrer novamente deflagraria uma batalha sem trégua até o fim de seu mandato. E pode terminar com uma revanche contra Trump, que já tornou pública sua intenção de ser candidato.
Se Biden decidir pela não candidatura, sua vice-presidente, Kamala Harris, seria a favorita para sua sucessão, mas pode enfrentar vários adversários e desencadear disputas internas destrutivas entre os democratas.
O que Biden decidir no Caribe permanecerá em segredo por algum tempo. Seu chefe de gabinete, Ron Klain, disse, no entanto, que não deve demorar muito até se tornar público.
"O presidente tomará essa decisão, creio eu, pouco depois das festas", declarou este mês, afirmando que espera que Biden concorra à reeleição.
* AFP