O governo da Etiópia e as forças rebeldes aceitaram, neste sábado (12), facilitar o envio de ajuda humanitária a "todos que precisem de assistência" na região de Tigré, devastada por dois anos de guerra, anunciaram ambas as partes em entrevista coletiva em Nairóbi, no Quênia.
A decisão foi tomada no contexto das negociações sobre a aplicação do acordo de cessar-fogo e de desarmamento das forças rebeldes firmado em 2 de novembro em Pretória, na África do Sul.
O acordo alcançado neste sábado na capital queniana foi assinado pelo marechal Berhanu Jula, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Etíopes (ENDF, na sigla em inglês), e o general Tadesse Worede, comandante das forças rebeldes do Tigré.
"As duas partes concordam em facilitar um acesso humanitário sem restrições para todos que precisem de assistência em Tigré e nas regiões adjacentes", afirma o documento.
A decisão tem "efeito imediato", detalhou o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, enviado especial da União Africana (UA), que atua como mediadora no diálogo.
O acordo também determina "facilitar o deslocamento sem restrições dos trabalhadores humanitários, oferecer garantias de segurança aos trabalhadores e às organizações de ajuda humanitária, assim como proteção aos civis".
O conflito nessa região do norte da Etiópia começou em novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou tropas após acusar as autoridades locais da Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF, na sigla em inglês) de atacar acampamentos do exército federal.
Inicialmente, a ofensiva do governo infligiu duros golpes nos rebeldes, mas estes retomaram o controle sobre a maior parte do território em 2021 e avançaram até as imediações de Adis Abeba, a capital etíope, através das regiões de Amhara e Afar.
Depois, os rebeldes recuaram para o Tigré, que está isolado do resto do país e privado de água corrente e eletricidade, assim como de serviços de comunicação e bancários, além de carência de combustíveis.
Segundo a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, "até 500 mil pessoas" morreram em dois anos de conflito.
Outros dois milhões se viram obrigados a deixar seus lares por conta das hostilidades e centenas de milhares estão à beira da fome.
* AFP