As autoridades das Ilhas Bermudas avaliavam, nesta sexta-feira (23), os danos causados pela passagem do furacão Fiona, que provocou inundações e deixou a maior parte da população do arquipélago sem eletricidade, antes de seguir rumo ao Canadá.
As condições do furacão serão sentidas esta tarde na província canadense de Nova Escócia, informa o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês), acrescentando que o Fiona voltou a se fortalecer até se tornar um ciclone de categoria 4.
O governo local pediu aos moradores que permaneçam em casa, em meio aos fortes ventos que castigavam o território britânico com rajadas de mais de 160 km/h.
O Fiona não causou vítimas, nem danos significativos, ao passar a cerca de 160 quilômetros a oeste do país, mas deixou 29.000 de suas 36.000 casas sem energia, de acordo com a empresa de energia Belco.
"Não estamos a salvo. Permaneçam fora das estradas", tuitou o primeiro-ministro David Burt.
O Regimento Real das Bermudas e a Belco disseram que esperam que os ventos diminuam antes de começarem a liberar as estradas e restabelecer a energia. Moradores publicaram nas redes sociais fotos de linhas de transmissão de energia derrubadas e algumas inundações.
"Esta manhã (tem) muito vento lá fora. Tivemos alguns danos menores nos locais, mas nada grave", disse Jason Rainer, proprietário de uma loja de souvenirs na capital, Hamilton, à AFP.
Algumas portas e janelas de seu negócio foram quebradas pela tempestade, relatou Rainer.
- "Conviver com isso" -
Com em torno de 64 mil habitantes, Bermudas é um pequeno território britânico de cerca de 54 km2 acostumado com furacões, mas também um dos lugares mais remotos do mundo, localizado a 1.030 km de seu vizinho mais próximo, os Estados Unidos. Isso torna quase impossível fazer uma evacuação de emergência, quando ocorre uma grande tempestade.
"Você tem de conviver com isso, porque mora aqui. Não pode correr para lugar algum, porque é apenas uma pequena ilha", disse Joe Ann Scott, funcionário de uma loja em Hamilton.
O ministro de Segurança Nacional, Michael Weeks, pediu aos moradores que permaneçam em suas casas, até o governo dar sinal verde. "Por favor, não saiam para tirar fotografias, não sejam imprudentes", frisou, em entrevista coletiva.
Os moradores estocaram comida, velas e baldes d'água.
Como a ilha não tem fonte de água doce, todos os prédios têm tanques para armazenar a água da chuva, bombeada para as casas por um sistema elétrico. Com possíveis quedas de energia durante tempestades, os moradores costumam encher suas banheiras, ou baldes, com antecedência.
Fiona matou quatro pessoas em Porto Rico no início desta semana, segundo a imprensa americana, enquanto uma morte foi relatada no departamento ultramarino francês de Guadalupe, e duas, na República Dominicana.
Em Porto Rico, que ainda tenta se recuperar da devastação causada pelo furacão María, há cinco anos, o presidente dos EUA, Joe Biden, declarou estado de emergência. Além disso, a Fema, a agência federal para gestão de desastres dos Estados Unidos, planeja enviar mais centenas de membros de seu pessoal para a ilha, que sofreu apagões, deslizamentos de terra e inundações.
Na República Dominicana, o presidente Luis Abinader declarou estado de desastre natural em três províncias do leste do território.
* AFP