Mahamat Idriss Deby Itno, chefe da junta governante no Chade, abriu neste sábado (20) o diálogo nacional inclusivo entre os militares e a oposição civil e armada, após vários adiamentos.
O diálogo nacional inclusivo entre a oposição civil e armada e a junta militar, que chegou ao poder em abril de 2021, procura "fechar o capítulo" da transição e permitir a organização de "eleições livres e democráticas".
"Este diálogo nacional inclusivo é um momento decisivo para o nosso país", disse durante a cerimônia de abertura Mahamat Idriss Deby, que desde abril de 2021 chefia um Conselho Militar de Transição (CMT) formado após a morte de seu pai, Idriss Deby, que governou o país por 30 anos.
Mahamat Idriss Deby prometeu organizar um processo de diálogo com a oposição para permitir que os civis voltassem ao poder, dentro de 18 meses (prorrogável uma vez).
Este diálogo deve "traçar os caminhos de um novo começo" para um "Chade próspero" e deixar para trás os "períodos turvos", acrescentou o dirigente durante um discurso em N'Djamena.
Cerca de 1.400 delegados, membros de sindicatos, partidos políticos e da CMT se reunirão durante 21 dias para discutir as reformas institucionais e uma nova Constituição, que deverá ser submetida a referendo.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, exortou o país a aproveitar a "oportunidade histórica" que este diálogo representa para "construir novas bases de estabilidade no Chade, através da consolidação da democracia e do bom governo".
O diálogo deveria ter começado em fevereiro, mas foi adiado várias vezes.
Ocorre pouco depois da assinatura de um acordo em Doha entre a junta chadiana e quarenta grupos rebeldes que prevê um "cessar-fogo" e permite que os insurgentes participem dele.
No entanto, um dos principais grupos rebeldes (Frente para Alternância e Concórdia no Chade, FACT) e uma coligação de partidos da oposição e membros da sociedade civil, Wakit Tamma, recusaram-se a participar no diálogo. A FACT, que não assinou o acordo de Doha, considera o processo "preconceituoso de antemão"; enquanto Wakit Tamma justificou sua decisão assegurando que a junta continua "violando os direitos humanos".
* AFP