O presidente de Angola, João Lourenço, cujo partido governa o país africano desde sua independência em 1975, aspira o segundo mandato nas eleições de 24 de agosto.
A seguir, os momentos cruciais da ex-colônia portuguesa, que viveu uma guerra civil de quase três décadas:
- Independência e guerra civil -
Em 11 de novembro de 1975, Angola conquista a independência após uma guerra iniciada em 1961 contra os colonizadores portugueses.
Uma guerra civil explode, entre o partido pró-URSS no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e os grupos pró-Ocidente Unidade Nacional pela Independência Total de Angola (UNITA) e Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).
A África do Sul do apartheid respalda a UNITA e o MPLA recebe apoio de tropas cubanas.
- José Eduardo dos Santos no poder -
O primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, morre em setembro de 1979. Ele é sucedido por José Eduardo dos Santos, também do MPLA.
- Falsa esperança de paz -
Em 31 de maio de 1991, Santos e o líder da UNITA, Jonas Savimbi, assinam um acordo de paz.
Em setembro de 1992, o MPLA vence as primeiras eleições multipartidárias do país, mas a UNITA questiona os resultados e a guerra volta a ganhar força.
Em 1993, as tropas da UNITA tomam Huambo (centro), após combates que deixaram 12.000 mortos. De acordo com a ONU, 25.000 pessoas morreram no mesmo ano durante o cerco de Cuito pela guerrilha da UNITA.
Em novembro de 1994 são assinados novos acordos de paz. Em 1997, deputados da UNITA assumem suas funções e um governo de unidade é formado, mas a guerra civil é retomada no ano seguinte.
- Morte de Savimbi -
Em 22 de fevereiro de 2002, Savimbi morre em combate. Em 4 de abril é assinado um cessar-fogo para acabar com 27 anos de uma guerra civil que deixou pelo menos 500.000 mortos.
Em setembro de 2008, o MPLA vence as eleições legislativas. Quatro anos depois repete a vitória.
De acordo com a Constituição, modificada em 2010, o líder do partido vencedor se torna automaticamente o presidente do país. Em setembro de 2012, Santos permanece no poder, ao tomar posse seguindo a nova regra.
- Repressão e fim de mandato -
As manifestações aumentam em 2011 para exigir mais liberdade de expressão, democracia e melhores condições de vida.
Em junho de 2013, o presidente nomeia seu filho, José Filomeno, para comandar o fundo soberano do país. A oposição e membros da sociedade civil criticam o nepotismo e os riscos de corrupção.
ONGs denunciam perseguições contra opositores e pressões contra jornalistas e ativistas dos direitos humanos.
Em junho de 2016, o presidente designa a filha Isabel, poderosa empresária e mulher mais rica da África, para dirigir a empresa pública de petróleo Sonangol.
Em fevereiro de 2017, Santos confirma que não disputará um novo mandato e aponta o ministro da Defesa, João Lourenço, como sucessor.
- Luta contra a corrupção -
João Lourenço assume a presidência em novembro de 2017 e inicia uma campanha de luta contra a corrupção para recuperar grandes quantias desviadas durante a presidência de Santos.
Ele afasta as pessoas leais ao antecessor de postos chave e Isabel dos Santos é acusada de corrupção. Em 2020, José Filomeno é condenado a cinco anos de prisão por desvio de capital do fundo soberano.
- Morte de Santos -
José Eduardo dos Santos morre em 8 de julho de 2022 em Barcelona, onde estava hospitalizado após uma parada cardíaca. Após a autópsia, a justiça espanhola confirma em 17 de agosto que foi uma "morte natural".
O corpo é repatriado para Angola em 20 de agosto.
* AFP