Os líderes da África Ocidental levantaram neste domingo (3) as sanções comerciais e financeiras que sufocavam desde janeiro a economia do Mali, país mergulhado em uma grave crise política e de segurança.
"A cúpula decidiu levantar todas as sanções econômicas e financeiras a partir de hoje", mas as sanções individuais e a suspensão do Mali dos órgãos da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) estão mantidas até que a ordem constitucional seja restabelecida, declarou durante uma coletiva de imprensa Jean-Claude Kassi Brou, presidente cessante da Comissão da organização, que realizou uma cúpula em Accra (Gana).
"Mas os chefes de estado especificaram que [...] os membros militares da junta não podem ser candidatos às eleições presidenciais", especificou outro funcionário da Cedeao, que pediu anonimato.
Mali aguardava ansiosamente o levantamento do embargo às transações comerciais e financeiras, após dez anos de conflito no país. As negociações entre a junta militar no poder e a Cedeao duraram meses.
Na quarta-feira, as autoridades do Mali anunciaram um calendário eleitoral que define eleições presidenciais em fevereiro de 2024, um referendo constitucional em março de 2023 e eleições legislativas entre outubro e novembro de 2023.
O calendário segue a adoção de uma nova lei eleitoral em 17 de junho e o lançamento de uma comissão encarregada de redigir a nova Carta Magna.
Além disso, durante a cúpula, os líderes da África Ocidental também concordaram com Burkina Faso que dentro de 24 meses - a partir de 1º de julho de 2022 -, os civis devem retornar ao poder.
"Quanto à Burkina Faso, pedimos ao Conselho que revise sua proposta. Pedia 36 meses, mas hoje todos concordam com uma transição de 24 meses a partir de 1º de julho de 2022", disse à AFP um participante da cúpula, que também pediu para permanecer em anonimato.
A África Ocidental viu uma sucessão de golpes de Estado por parte de coronéis e tenentes-coronéis em menos de dois anos: em 18 de agosto de 2020 no Mali, em 5 de setembro de 2021 na Guiné e em 24 de janeiro de 2022 em Burkina Faso.
* AFP