O líder senegalês e atual presidente da União Africana (UA), Macky Sall, pediu nesta quinta-feira (9) a retirada das minas do porto de Odessa, na Ucrânia, para permitir a exportação de grãos a seu continente. Ele disse, ainda, que havia recebido garantias do presidente russo, Vladimir Putin, de que suas forças não atacariam a área.
Se as exportações de grãos não for retomada, a África "ficará em uma situação de fome muito grave que pode desestabilizar o continente", afirmou Sall em entrevista às redes francesas France 24 e RFI.
O continente africano é muito dependente das importações de cereais ucranianos e russos, assim como de seus fertilizantes, essenciais para sua agricultura pouco produtiva.
"Se os fertilizantes não chegarem no inverno (a temporada de chuvas) na maioria dos países africanos, significa que não haverá colheita", explicou.
Na semana passada, o presidente do Senegal e da UA se reuniu com seu par russo.
"Até que haja provas do contrário, não tenho elementos para contestar" as garantias de Moscou de que a Rússia não se oporia à saída do trigo ucraniano de Odessa se as águas estiverem livres de minas.
"Inclusive disse a ele: os ucranianos dizem que se tirarem as minas, (os russos) entrarão no porto. Ele assegura que, não, não entrarão, e esse é um compromisso que assumiu", contou, referindo-se a Putin.
"Agora temos que trabalhar na eliminação das minas, na participação da ONU - e de todas as partes interessadas - para começar a levar o trigo ucraniano", disse.
Nesta sexta, Sall se reunirá com o presidente da França, Emmanuel Macron, e pedirá a ele a suspensão das sanções europeias contra a Rússia, em particular a exclusão dos bancos russos do sistema Swift.
Na quarta-feira, a Ucrânia adiantou que não iria desminar as águas ao redor do porto de Odessa para permitir a exportação de grãos: "No momento em que limparmos o acesso ao porto de Odessa, a frota russa estará lá", declarou o porta-voz do governo regional, Sergiy Bratchuk.
* AFP