A central nuclear de Chernobyl não foi danificada durante sua ocupação pelos soldados russos, mas é provável que os militares tenham sido expostos à radiação nas últimas quatro semanas, disseram autoridades ucranianas na sexta-feira (1º).
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, disse que "não podia confirmar" essas informações. A agência das Nações Unidas "tentará obter informações adicionais para entregar uma avaliação independente da situação", assinalou Grossi em comunicado.
— O nível de radiação em torno da central é atualmente normal — ressaltou Grossi aos jornalistas na sede da organização em Viena.
Contudo, a retirada das tropas russas poderia ter provocado um aumento "localizado" da radiação devido ao movimento de veículos, detalhou. O mesmo ocorreu quando o exército russo ocupou o lugar no primeiro dia da ofensiva em 24 de fevereiro.
Grossi acaba de voltar de uma viagem a Ucrânia e Rússia, onde negociou com as autoridades de cada país um "marco" para o envio de equipamentos e especialistas às instalações nucleares ucranianas. A AIEA espera poder realizar uma missão "muito em breve" a Chernobyl.
O reator número 4 da central ucraniana de Chernobyl explodiu em 1986, causando a pior catástrofe nuclear civil da história. Ele hoje está coberto por um sarcófago duplo - o primeiro foi construído pelos soviéticos, agora avariado, e outro mais moderno foi inaugurado em 2019.
As tropas russas se retiraram da central nuclear na quinta-feira (31).
— Todos os equipamentos funcionam, assim como todos os sistemas de controle e monitoramento da radiação — disse o diretor da usina, Valery Seida, citado em comunicado da agência ucraniana de energia atômica Energoatom.
Não foram encontrados problemas nem no sarcófago que cobre o reator número 4 danificado nem no armazenamento de material radioativo. Os soldados russos "levaram cinco dos 15 contêineres de peças de reposição para a usina", disse.
Mas se expuseram, sobretudo, a doses provavelmente elevadas de radiação, segundo as autoridades ucranianas.
— A poeira grossa que seus veículos suspenderam no ar e as partículas radioativas que estavam nela podem ter entrado facilmente nos corpos dos russos pelos pulmões — disse Seida.