A União Europeia (UE) alertou a Rússia nesta sexta-feira (11) para sanções "maciças" se continuar sua ofensiva na Ucrânia, em resposta ao apelo por mais ações do presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que viu seu pedido de adesão rápida ao bloco ser rejeitado.
Durante uma cúpula de dois dias em Versalhes, na França, os líderes da UE discutiram o impacto da guerra na Ucrânia no bloco e como ajudar Kiev, por exemplo, dobrando seu financiamento para enviar armas ao país.
— Se a Rússia intensificar os bombardeios, o cerco a Kiev e as cenas de guerra, sabemos que teremos que adotar sanções maciças novamente — disse o presidente francês Emmanuel Macron, em entrevista coletiva.
Segundo o presidente francês, cujo país detém a presidência temporária da UE, "nada é proibido, nada é tabu".
—Faremos tudo o que considerarmos eficaz para impedir a agressão da Rússia — acrescentou.
As declarações de Macron, durante uma coletiva de imprensa na Galeria das Batalhas do Palácio de Versalhes, vêm depois que Zelensky ter pedido à UE para "fazer mais" pela Ucrânia. Os líderes europeus descartaram, na véspera, uma rápida adesão do país ao bloco, conforme solicitado, uma vez que o procedimento é regido por regras e "é preciso respeitá-las", nas palavras do luxemburguês Xavier Bettel.
— A maioria (dos países) defendeu uma forte mensagem política garantindo a adesão à UE, mesmo que isso não fosse para amanhã, é claro — lamentou o primeiro-ministro esloveno Janez Jansa.
"A Ucrânia faz parte da nossa família europeia", afirma, simplesmente, a Declaração de Versalhes, que se compromete com a "consolidação" de um acordo de cooperação assinado entre Kiev e a UE em 2014.
Mais ajuda militar
No entanto, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, propôs aos líderes fornecer mais 500 milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia, apesar das advertências de Moscou. Ele disse que apresentou "uma proposta para dobrar a contribuição (atual) com um adicional de 500 milhões de euros em apoio aos militares ucranianos". Os países da UE ainda precisam decidir sobre essa ajuda.
Segundo o ex-chanceler espanhol, o montante viria do Fundo Europeu de Apoio à Paz, dotado de cerca de 5 bilhões de euros aportados pelos países do bloco, e que não faz parte do orçamento comum. Os recursos são usados para reembolsar os Estados da UE pela ajuda militar fornecida à Ucrânia usando suas próprias reservas materiais. As armas são enviadas à Ucrânia através da fronteira polonesa.
O governo ucraniano apresentou à UE, que já aprovou o uso de 500 milhões de euros, pedidos muito detalhados sobre as necessidades de material bélico para enfrentar a ofensiva lançada pela Rússia em 24 de fevereiro. A Rússia alertou na quinta-feira (10) que esses envios para a Ucrânia eram um passo "perigoso".
— Aqueles que enchem a Ucrânia de armas precisam entender que serão responsáveis por suas ações — disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Os líderes europeus evitaram impor um embargo ao lucrativo setor de hidrocarbonetos da Rússia, por enquanto, como fizeram os Estados Unidos, já que a UE depende de 40% de seu gás e de 25% de seu petróleo. Mas, durante a cúpula, eles instaram a Comissão Europeia a apresentar um plano até o final de maio sobre como se livrar dessa dependência até 2027, como parte de sua estratégia para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
A ofensiva russa conseguiu acabar com outro tabu na UE, cujos líderes concordaram, nesta sexta-feira, em "aumentar substancialmente os gastos com defesa" e fortalecer a cooperação em projetos militares entre os membros do clube.
— Em questões de defesa, acho que todos concordam que as coisas mudaram desde 24 de fevereiro — disse a primeira-ministra estoniana Kaja Kallas, cujo país faz fronteira com a Rússia.